Um dia, de súbito, um cara ficou conhecido, confundiram isto com um contrato publicitário (não assinado). Eis que, de uns tempos para cá, depois de ser assassinado, tudo ruiu, o barulho todo parou, era muito barulho por nada, e não tudo bem quando termina bem.
Agora vamos falar do crítico equivocado:
As regras, segundo eles, são estas: (quando na verdade deveriam medir e calar de bom alvitre)
Se há algo de bom, ignora-se.
Se há defeitos, explora-se.
A dinâmica que se estabelece é um biombo que começa com um bônus imaginário e depois um ônus de um monstro que eles mesmos criaram. Dizem assim: Ora, é nosso dever punir quem se sobressai, esta tarefa nos parece nobre, uma vez que nunca teremos o que ele tem e nunca saberemos o que ele sabe, nos resta dar gritos e espasmos a esmo com o fito de agarrar um pouco deste sumo e sucesso, ou ainda como grandes arautos que somos do que é a vida. A imprensa marrom agora se torna publicidade marrom.
Como somos criadores fantásticos, produzimos tudo em forja fordista, fundamos esta que é a ilha dourada dos preceitos perfeitos, a vida sem máculas, o corpo sem cicatriz, a ficção suprema!
É nosso dever e virtude (pois nós somos fodões e os outros não), mesmo que especificamente, sempre com aquela boa dose de malícia, pois o jogo é este (imundo porém nós somos da indústria cultural blasê de chefes de agências aos berros, verdadeiros deuses, que têm o dom "claro" de ditar tendências), e malgrado todos os outros fatores existenciais e psiquiátricos envolvidos, dizer que o rei está nu, e nós não, nossa vidraça é (aqui o autor deste texto dá frouxos de riso) inquebrável, não temos um arranhão em nossas biografias, condutas e cosmovisões! Pois não adianta tocar "Rape Me" do Nirvana, nós somos mais fodões que a vanity fair, é claro! Nós, evidentemente, somos superiores ao nosso alvo, se é que a vida é isto: fazer o agora alienado e irresponsável e viver "nos dias de hoje" sem nenhuma visão de perspectiva, causa e efeito ou dom visionário ou subversão extemporânea, somos bonequinhos do nosso tempo, fantoches de nossa época, entenderam? Somos sobretudo ignorantes do futuro e do porvir, não estudamos o devir, somos da indústria cultural, e a publicidade marrom é sempre rainha da moda e do que se deve ou não ser e fazer.
Pois então: a publicidade tem este papel cívico de destruir miragens, de borrar reputações, de caricaturizar nomes próprios, independente das implicações civis, isto é uma bravata (veremos ...). Somos os construtores dos ícones e depois nós nos revoltamos com esta ideia criada a revelia do corpo em questão e comemos o próprio rabo. Pois o destinatário, depois de uma erística violentíssima, estará fazendo outra coisa, muito ocupado para discutir imagens ficcionais deterioradas e limítrofes, pois faz ficção com literatura e não com publicidade. E o rigor de transversalidade? Bobagem, vamos enlouquecê-lo! E, depois de daqui em diante tentar destituir uma parede imaginária, somos seres impolutos, irrepreensíveis, somos publicitários marrons, nos ocupamos dele e ele se ocupa de nós só quando algo passa do limite, mas quem disse que nós, publicitários marrons, de cenho "claro", temos limites? Todo o nosso tempo é ocupado nisso, é a única coisa que sabemos fazer, é divertido, não tivemos uma infância criativa, somos ricos agora, modulando imagem alheia!
Agora, não basta só o achincalhe, entramos no teu quarto e queremos comandar a tua alma e esquadrinhar cada movimento do teu corpo, brincar com cada palavra proferida por tua boca, como se a gente fosse um vírus, nós ficaremos falando sozinhos, cônscios do nosso civismo de publicidade marrom, pois somos a nata, somos os detentores da "pedra filosofal", portanto, temos direitos de propriedade sobre nosso alvo, mesmo que à revelia, e se ele é humano, demasiado humano, a culpa é dele, pois nós somos perfeitos e nunca erramos, isso de entrar no lugar dos outros, de invadir espaços privados, questões íntimas, ah, esquece! Ossos do ofício! Todo Homem que é reconhecido tem que ser punido de alguma forma, e nada de verdade, a nossa grande mentira é que nós acreditamos nisso, e o fato de invadirmos um recinto sem pedir licença, de monitorar escritos e até videotecas, isso não faz mal, a nossa campanha publicitária sempre viveu do sangue dos outros! E nós, guerreiros caçadores, predadores da raça, ou seja, fodões, somos os vampiros, fazendo fantasmagorias, assombrações e alucinações, sobretudo constrangendo ao máximo, e que se dane este papo besta de saúde mental! Às favas com os escrúpulos! Ele é carne de gado, está aí para isso!!!
A publicidade marrom é a virtude dos perfeitos, pois todo canalha é fodão (eureka!). Tudo que está fora da nossa linha, não deixa de estar no nosso raio de ação, mesmo que isto não nos pertença! E o poder que temos é de nunca conseguir fazer nada além disso, pois só nos ocupamos com isso, é isso que nos dá sentido à vida! Pois a vida do outro, sugada e vampirizada até a última gota, não no sentido biográfico e de serviço, mas de motes e malícias pseudo-brincantes, ou de mensagens subliminares de cagação de regras, já que nós sabemos tudo, somos sobretudo canalhas fodões, esta vida botada na berlinda pela nossa equipe criativa, com os berros do chefe da agência, nos dá o vintém suado de cada dia! Ora, somos maiorais e temos a pedra filosofal, misturamos alhos com bugalhos pois quem vai receber o dardo não somos nós, estamos no conforto de nossos brainstorms, protegidos e com a barriga cheia, explorando e aviltando cada vez mais quem faz sucesso. E ai de quem quer diferir e abandonar o circuito, seja anátema! (Agora ouço os berros apopléticos do chefe da agência daqui).
A tese: o fundamento de todo celerado, canalha profissional, é ignorar que está errado, qualquer pessoa sensata sabe quando algo está muito errado, e não adianta os avisos, o tal canalha estava embriagado, e não será o alvo penalizado, muito pelo contrário, e que vocês sigam o trabalho, para qual finalidade, isso vocês saberão por si mesmos, vivendo as próprias vidas autenticamente, e não despejando juízos de valor sobre nossas cabeças já muito adoecidas e machucadas. Vocês olharão em volta, sem um alvo específico, e ficarão menos neuróticos, com uma perspectiva menos fetichizada dos valores contemporâneos, como a verdadeira vida, historicamente considerada, em toda a sua dimensão e amplitude, deve ser, e isto cada um descobrirá por si mesmo, somos mestres de nossa alma, e ai de quem levantar a mão contra nós, revidaremos, é nosso dever e salvação. Portanto, a vida leve é poupar os juízos em favor de uma vida menos pesada, em comunhão cósmica, sem o pesadelo de ter que se policiar em função de inteligências alheias que não sabem o que você passa e o que você tenta saber. Uma vida menos preconceituosa, e sem clichês. Lembre-se, o mundo é só aparentemente dos canalhas.
"O mal do capcioso é que ele não vê a si mesmo."
Passamos a viver melhor quando passamos a lançar um olhar inteligente sobre nós mesmos. (meu nome não é johnny)
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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