PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 20 de abril de 2015

GRAVE ESTULTO

Atração gravitacional, a noite fecunda
entreabre a sensação kármica.

Os lados da esfera dançam
em harmonia,
o denso amor das cordas
é o fundo do verso,

Filtro do tempo, é o saber iracundo
da gravidade.
O tom grave, neve sorumbática,
é sombra e pasto alegre no sol,
ao girar da esfera
o palco
da noite e do dia.

Bons ventos, a praga do deserto
reflui ao sol mormaço do crepúsculo,
albor referido dos corpos,
negror dos nardos celestes,
alvorecer brumoso das plangentes chuvas.

Gravidade és grave,
como o cimo da copa densa
deste saber de fruta
que é o dia com
a visão anoitecida.
(gravidade e tempo, a dança do ser.)

Pois de ser grave,
este eu estulto,
mais sério e prumo,
da bruma ao fundo:
vou-me/eis-me.

De grave ao absurdo,
o poema é fumo.
De grave e tonitruante,
a poesia é futuro.

Da atração gravitacional:
o tempo das esferas
só tem desvelo
em levitação.

15/04/2015 Ácido
(Gustavo Bastos)

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