Fervia a mutilação dos odres quebrados,
na mão do capataz a lânguida ferida
que os olhos dos lírios fendiam a visão.
Veste do tempo no verso espantado,
com o fervor de uma máscara negra
o vinhateiro flanava ao sol que suava,
e os degredados da terra furibunda
cantavam litanias no ócio da praia,
recitavam suas horas de bebedice
no braço da esmeralda e no pé do topázio,
desciam do navio morto com dias remidos.
A peste lhes atacou as nádegas,
os degredados fumavam e se alegravam.
O rio da serpente exultou o carrasco,
cortava-lhe a cabeça o mar revoltado,
e o corpo boiava na plena vinha sanguinária.
Reféns da guerra dos trópicos,
as aldeias eram incendiadas
por Villon na fuga de outrora.
Mas os dançarinos, na rota de fuga,
voltaram à mata densa da vida fácil,
os notórios ladrões de ouro
sulcaram a escultura
em fé armada
e sal de vitória.
Prontos ao abate os filhos do terror.
Velho continente do mar soçobrado,
corpo de veludo na carne dos Andes.
Pranto e escárnio, morte e fúria.
Os ventos argênteos
teimavam na dor
das feras,
o ouro gritava
na prata das luas,
e o filho da guerra
entrava na luta dos corpos
em pleno ataque de sol,
com a mão vermelha
da vingança extrema.
Os degredados morrem
sob a faca das coronhas,
e o lamaçal das águas
invade o templo milenar
do olho intruso
de todos os mistérios.
Feno e cal, mar e sal.
A dor das cercanias
fundou o novo sinal,
a terra maltratada
ressuscitava
nas flores
do campo da febre,
e o perfume da vida
reverberou em poesia.
31/05/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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