PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 22 de julho de 2020

FRANÇOIS VILLON

Quando do nascimento de François de Montcorbier ou François des Loges em 1431, em Paris, ele acaba perdendo o pai muito cedo e passa a ser educado por Guillaume de Villon, em Saint-Benôit-le-Bétourné, François passa uma infância boa, ia muito ao interior, passeava pelos campos, e com seus dois amigos, Mélenchon e Desmond, ele caçava coelhos com estilingues com pedras pontudas, começou a fumar cachimbo ainda aos dez anos, e realizava pequenos furtos de frutas na vizinhança da casa de campo de seu pai de criação, Guillaume, que logo viu a inteligência do garoto para as artes, e lhe matriculou, mais tarde, na Faculdade de Artes de Paris para que ele virasse um clérigo.
Ainda na adolescência, antes dessa sua transferência para Paris, François Villon já estava famoso como poeta jovem em sua cidade, e também era conhecido já por beber muito e fazer festas, quando não estava roubando algumas casas, no que costumava levar a prataria e objetos de valor com uma habilidade que já o colocava como um grande ladrão na região, sem o conhecimento de Guillaume que, pelas notas brilhantes do filho na escola, achava que estava tudo correndo bem.
No fim de seu ginásio, François Villon ganhou um concurso de poesia declamada em sua escola e fez uma festa do vinho em que seus eternos amigos Mélenchon e Desmond (que também faziam vários furtos pela cidade) beberam até cair, François se engraçou com uma dama mais velha de nome Lorraine, ele fez sexo com ela na mata, foi a sua primeira experiência sexual, e repetiu o ato várias vezes com esta dama por dois meses, até que se foi para Paris para estudar e virar clérigo como o pai Guillaume havia definido.
Mélenchon também havia sido escalado para a mesma escola de François em Paris, eles começam a estudar as chamadas Artes Liberais, e depois Mélenchon começa a pintar quadros, enquanto François Villon vai se aprofundar em latim e literatura latina, começa a estudar muito Virgílio e Horácio, traduz muitos poemas do latim para o francês, se aventura pelas ruas de Paris, e rouba dois bares e três casas junto com Mélenchon, eles juntam dinheiro e penhoram objetos roubados em troca de bebidas caras.
Em 1450 começam as crises econômicas que passam a prejudicar a Faculdade em que François Villon estudava e morava, entre os clérigos ele não era muito querido, pois o prior sabia que François, quando se juntava com seu amigo Mélenchon, os dois sempre voltavam das ruas com ouro e objetos preciosos, e o prior, de nome Langard, sabia que aqueles dois poderiam ser ladrões e estavam na escola para fazer baderna, o que intrigava o prior era que os dois estudavam e tiravam notas brilhantes, mas eram dois loucos e boêmios, e na cabeça do prior fervilhava a possibilidade de ele estar alojando em sua Faculdade dois ladrões.
Em uma semana de verão, nas férias da Faculdade de Artes, os jovens François Villon e Mélenchon roubaram a mansão de Madame de Stael, eles entraram de madrugada, e depois de terem feito amizade com um empregado da mansão, lhe prometeram uma parte do roubo, e este lhes informou de que havia um tesouro no sótão da mansão, aonde Madame de Stael guardava a sua fortuna, era uma fortuna milionária em libras, e François Villon ficou com dois terços, com Mélenchon dividindo com o tal empregado o outro terço, empregado este que pediu demissão da mansão e foi viver no campo gastando a sua parte do roubo, François comprou uma casa e alugou, pois não poderia deixar os aposentos da faculdade sem uma explicação plausível, em seguida ao roubo, ele, no entanto, foi junto com Mélenchon ao lupanar no centro de Paris, aonde ficaram alojados uma semana inteira fazendo orgias e bebendo vinhos caros.
Na semana seguinte Mélenchon se manda para a Itália, queria ir para Milão, enquanto François Villon vai com duas meretrizes para Amsterdã, passa uma semana e mais dois dias entre os lençóis de um hotel de luxo com muito vinho e maconha. François Villon segue pela cidade e depois vai para Utrecht, conhece uma holandesa e faz uma orgia com esta holandesa e as duas meretrizes francesas que estavam sendo bancadas por ele naquela viagem louca que ele pensava ser seu grande feito de poeta boêmio e que conseguia estudar em meio ao caos de sua existência. Mélenchon, de sua parte, ficou bebendo vinho sem parar em Milão e se perdeu numa madrugada pela cidade, só encontrando o hotel em que se hospedara depois de ficar doze horas seguidas zanzando desorientado.
François Villon, voltando de Utrecht para Amsterdã, pensou em dar um pulo em Bruxelas, tinha que ir de carruagem, andou muitos quilômetros, levou a holandesa e abandonou as duas meretrizes em Amsterdã sem avisá-las, não se sabe que fim tiveram estas duas meretrizes, elas nunca mais viriam a figura do poeta, ele andou um tanto com esta holandesa, que, no meio do caminho, ao François subir na carruagem para Bruxelas, a holandesa desistiu da viagem e disse que ele se divertiria em Bruxelas sem ela, e é o que faz François Villon, que fica cinco dias lá em Bruxelas e depois parte de volta para Paris para continuar seus estudos na Faculdade de Artes, sem antes deixar um rastro de caos numa mansão de uma tal Madame Tofu, com a qual ele teve um caso de dois dias, lhe deu um sonífero e roubou seu cofre com uma quantia considerável que ele gastou um décimo no dia seguinte com vinhos que ele levaria para beber no seu retorno à Faculdade de Artes.
De volta à Faculdade de Artes, François Villon, que havia comprado uma casa em segredo, sem o conhecimento do prior, guarda todo o tesouro de seus roubos nesta casa, lá ele coloca um primo seu mais novo para trabalhar para ele, depois de haver alugado esta casa por um ano para um inquilino meio louco e chato, pois François já havia combinado com Desmond, que logo também chegaria à Paris para estudar, que este teria que cuidar desta casa, enquanto seu primo seria uma espécie de secretário.
Somente o dinheiro que François havia roubado da mansão de Madame de Stael lhe renderia ao menos cinco anos de uma vida confortável e dissipada, François viveria seus próximos anos como bem queria e bem entendesse. Enquanto isso, Mélenchon volta corrido de Milão uma semana depois do retorno de François Villon, e lhe relata uma fuga espetacular da guarda da cidade, que havia flagrado um atentado ao pudor por parte dele com uma parisiense que ele conheceu em Milão depois de uma bebedeira no hotel em que estava hospedado, os dois foram pegos transando numa praça no meio da madrugada, e ele fugiu e a moça foi conduzida para o hotel como suposta vítima de Mélenchon, na verdade, a relação foi consentida, mas Mélenchon saiu correndo e despistou a guarda, alugou uma carruagem e foi direto para Paris, conseguiu sair da Itália o mais rápido que pode.
De volta à Faculdade de Artes, no fim de semana François Villon se reúne na sua casa com Mélenchon, Desmond e seu primo mais novo, de nome Danton, este ainda tinha quinze anos, mas levava uma maleta cheia de ópio e um punhado de mandrágora, François Villon, que era um bebedor de vinho, e que havia experimentado maconha em Amsterdã, prova com seu cachimbo uma quantidade considerável de ópio, e sente um gozo poético com a substância que lhe dá a certeza de ter conseguido o caminho certo para produzir sua poesia de modo genial e inaudito.
Danton havia conhecido a substância meses antes de ir à Paris com um senhor inglês que tinha um bar em que os jovens bebiam e fumavam, ele comprou a quantia deste inglês, que lhe indicou um bar em Paris, este que vendia ópio importado do Oriente Médio, Danton até havia ido lá para ver como era, e acabou conseguindo um punhado de mandrágora de um cara esquisito que dizia ser um dinamarquês que havia sido criado por uma prostituta em Amsterdã depois de ter sido abandonado pelos pais num orfanato.
François Villon então começou a fumar ópio para escrever seus poemas, e produziu seus primeiros escritos relevantes, e agora a Faculdade de Artes em que ele estudava enfrentava uma crise profunda, foi nessas semanas caóticas em que o prior reclamava de falta de dinheiro para a Faculdade que François Villon escreveu seus dois poemas que passaram a ter uma maior qualidade : Metafísica do Poema e Canção do Natimorto.
Chega 1452 e François Villon se torna mestre em artes, em meio a vários diplomados que viviam na miséria, enquanto Villon ainda desfrutava do dinheiro que havia roubado de Madame de Stael e Madame Tofu. Sua casa agora se encontrava também com frutos dos roubos de Desmond e de Mélenchon, e o primo de Villon, Danton, teria de ir estudar, a pedido do tio de Villon, numa guilda de um artesão no interior da França, mas Danton foge e leva parte do tesouro que Villon guardava numa câmara, sorte de Villon que esta fortuna era apenas um décimo do que ele havia amealhado, pois tinha um cofre secreto que nem mesmo Mélenchon ou Desmond sabiam da existência, e que era um modo de Villon garantir seu futuro de escritor e boêmio.
O rei Carlos VII resolve suspender os cursos da faculdade entre 1453 e 1454, e François Villon começa a ter problemas com a polícia, e em 1453 Villon fica preso por dois meses depois de um roubo na Mansão dos Avillon em Paris, em companhia de Mélenchon e um tal de Jean Luc Bourbon, este que tinha ficado um ano na faculdade de artes e acabou ficando próximo de Villon a partir de 1453, sendo convidado por Villon para participar do roubo. Villon, nesta época, ainda se dizia ligado à universidade, mas, mesmo habilitado, não seguiu carreira eclesiástica e nem secular, na poesia sua desta época “Le Lais”, ele se dizia ligado à universidade, não alegando seu desligamento da mesma.
Na prisão, François Villon pensa em retomar alguns poemas seriais sobre morte e ressurreição, escreve vinte cantos dentro da cela, ele divide o mesmo espaço com Mélenchon e o tal Bourbon, Desmond, que estava na casa comprada por Villon, se encarrega de organizar parte dos escritos de Villon que estavam na gaveta de um quarto no segundo andar, Villon consegue falar com Desmond pessoalmente em uma visita do amigo e fornece os cantos para Desmond anexar no tal compilado, Villon ainda não pensava em publicação, mas queria deixar este primeiro material de sua juventude já organizado, pois ele ainda pretendia criar mais material para que a obra tivesse vulto o suficiente para lhe colocar na posição de um dos grandes poetas da França.
Passam-se os dois meses e o trio é solto, Bourbon, que se via assustado com a prisão, deixa o crime depois de ter feito seu único roubo na vida, e François Villon faz troça dele, os dois brigam no meio de um jardim numa praça, Villon desfere dez socos seguidos na cara de Bourbon, que sai sangrando pela boca, sem antes levar um chute de Mélenchon que dizia que Jean Luc era um fraco e que deveria desaparecer da frente dele e de Villon. Jean Luc não consegue mais reagir, e Villon o manda, ao fim, desaparecer senão iria matá-lo. Jean Luc Bourbon fica com medo e sai de Paris.
Villon, Desmond e Mélenchon conhecem novos ladrões de Paris, ainda no fim de 1453, os dois grupos se juntam e formam uma quadrilha de ladrões de mansões, este novo grupo era formado por Colin de Cayeux, D. Nicolas, Petit Jean e Guy Tabarie, e Villon fica muito próximo deste último, que já havia amealhado um tesouro maior do que o do próprio François Villon e já tinha comprado duas casas, vivia com uma moça de nome Emmanuelle, e esta apresenta sua amiga  Catherine de Vaucelles para François Villon e os dois se apaixonam no mesmo dia e fazem sexo na casa de Villon, em meio ao tesouro que ele exibia para a sua nova amada, que gostava de loucos como Villon.
Guy Tabarie e François Villon saem pela noite na semana seguinte com Emmanuelle e Catherine de Vaucelles, os dois fazem desafios sobre bebidas, e Guy Tabarie volta de uma taberna com duas garrafas de vinho caro que afanara de lá, e saiu contando vantagens em relação a François, que recebe uma das garrafas de presente de Guy que disse para ele aproveitar aquilo com Catherine, a sua nova fiel admiradora, e que não se preocupasse com ele e Emmanuelle, pois os dois iriam dormir num hotel de um amigo, então François Villon leva Catherine para a beira do Rio Sena, e lá eles bebem e transam no sereno, Villon declama um poema louco que ele inventou na hora, mas que não anotaria para a posteridade, os dois amanhecem na grama na beira do Sena e voltam para a casa de Villon, lá encontram Desmond e Mélenchon se divertindo com dez meretrizes completamente bêbados e ensandecidos.
Chega 1454, François Villon completa 23 anos, ele ainda se dizia vinculado à universidade, mas agora vivia, na verdade, como um aventureiro, havia passado três meses no interior da França, ele e Catherine, ficaram numa casa alugada, ficaram vivendo uma rotina de banho de rio e beberagem de vinho, e François Villon consumiu muito ópio com Catherine nas noites ao fogo da lareira, o tesouro de Madame de Stael ainda rendia a Villon uma vida folgazã, em que ele se dividia entre a boêmia e seus estudos de artes, além de sua produção poética, que naquele momento se expandia.
Enquanto isso, Guy Tabarie, junto com Colin de Cayeux, e a ajuda de Mélenchon, levavam um tesouro de um mecenas que tinha sido amarrado por Desmond duas horas antes, depois que este seduziu o tal banqueiro homossexual para preparar uma cilada, Desmond, que era heterossexual, simulou interesse no velho mecenas, e levou-o a uma armadilha, o mecenas foi amarrado impiedosamente a uma árvore, enquanto ele gritava, Guy Tabarie e Colin de Cayeux saqueavam a casa do infeliz mecenas, e Mélenchon ameaçou matá-lo se ele não dissesse aonde estava o seu tesouro, não deu outra, o mecenas começou a chorar apavorado e Mélenchon logo foi buscar o tesouro e levar para a casa de François Villon, este que ainda se esbaldava com a fortuna de Madame de Stael junto com Catherine.
Em 1455, François Villon estava bebendo vinho numa taberna no centro de Paris e começa uma discussão com o padre Philippe Sermoise, eles começam uma briga e Villon pega sua adaga e fere mortalmente o padre com sete facadas no peito do mesmo, que morre cinco dias depois, tendo perdoado Villon no seu leito de morte, Villon então foge de Paris, e como Villon tinha o status de pertencer ao clero, consegue autorização para retornar à cidade em 1456.
Durante sua fuga, ele vai com Catherine de Vaucelles para Angers, aonde eles alugam uma casa pequena e ele recebe a visita eventual de Mélenchon e Guy Tabarie, que continuam os roubos da quadrilha em Paris, Desmond acaba sendo preso e condenado a três anos de prisão por tentativa de homicídio, tinha esfaqueado um letrado dentro de uma taberna, depois de uma discussão sobre política e monarquia, Desmond, que tinha bebido vinho além da conta, teve de ser contido por três guardas e levado para a prisão aos gritos, na verdade Desmond estava começando a enlouquecer e dentro da prisão dizia que conhecia toda a corte francesa e tinha tido contato com o rei, o que era fruto de sua febre delirante que lhe acometera e permaneceria com ele após a sua libertação, quando se torna um rebotalho isolado do mundo, voltando a morar com sua família no interior da França.
François Villon então retorna a Paris em 1456, e neste mesmo ano, na noite de Natal, participa do roubo do tesouro do Colégio de Navarra, em companhia de Colin de Cayeux, D. Nicolas, Petit Jean e Guy Tabarie. Este último dá com a língua nos dentes e Villon novamente se ausenta de Paris, levando vida errante na província. Vai com Catherine de Vaucelles para Bourg-la-Reine, lá eles ficam um mês, o dinheiro do roubo de Madame de Stael estava ficando escasso, e Catherine disse que conhecia uma tal de Madame Margareth, viúva, que vivia em Angers, e que gostava de homens mais novos.
Catherine de Vaucelles disse a François Villon que o golpe do sonífero que ele dera em Madame Tofu na Holanda poderia se repetir, e que o tesouro de Madame Margareth era o dobro de tudo que Villon já gastara da fortuna de Madame Tofu e Madame de Stael juntos, pois a mãe de Catherine de Vaucelles conhecia a tal Madame Margareth e disse à filha que era uma madame arrogante, só dócil com homens mais novos, isto desde que ainda era casada com o Monsieur Montpartis que, uns diziam, tinha sido envenenado por um destes mancebos que Madame Margareth levava para a sua mansão, para dar um golpe e Margareth se esbaldar agora livre com seus infantes.
Enquanto Catherine de Vaucelles fica em Bourg-la-Reine por mais uma semana, François Villon se manda para Angers e vai à casa de Madame Margareth com uma carta de recomendações da realeza, evidentemente falsa, se dizendo ser o cavaleiro Pierre Bourguignon, a mando de Vossa Majestade para uma palestra sobre Latim e Literatura Latina e que oferecia seus serviços humildemente para Madame Margareth que, vendo o porte relativamente atlético de François Villon, arregala seus olhos de apetite por mancebos ou homens mais novos e logo cai na conversa de Villon.
François Villon adentra a mansão de Madame Margareth, fica lá por uma semana fazendo sexo com ela e finalmente, no almoço de domingo, depois de já ter sondado a mansão inteira por uma semana, já descobrira aonde ficava o tesouro de Madame Margareth, já sabia de seu molho de chaves e o testaria para destrancar o cofre, coloca um sonífero no suco de Madame Margareth e efetua o roubo durante duas horas enquanto Madame Margareth dormia no sofá da imensa sala, François Villon pega uma carruagem com dois cavalos, coloca o tesouro de Madame Margareth dentro da carruagem e se manda de volta para Bourg-la-Reine para reencontrar Catherine de Vaucelles e chega contando vantagens para ela, que abre o tesouro e fica fascinada.
François Villon então entra em contato com funcionários da realeza e pede permissão a um pretor para que seja escolhido como um dos poetas para frequentar a corte de Carlos, Duque d`Orleans, e ele vai, em companhia de sua inseparável Catherine de Vaucelles, se apresentar à corte, em Blois, em dezembro de 1457, Carlos que era considerado um príncipe-poeta, e que seria pai de Luís XII da França. Carlos registra então seus poemas e de sua corte, e como François Villon virou um dos poetas que agora faziam parte da corte, tem três poemas registrados nestes manuscritos de Carlos, poemas que François Villon escrevera na própria corte, dentre atividades de declamação e aulas que ele passou a dar sobre poesia latina, como Horácio e Virgílio que ele estudara na Faculdade de Artes.
Dos poemas de François Villon na corte temos a Ballade des contradictions e a Ballade franco-latine, uma sátira de Fredet, o favorito de Carlos. Contudo, isso faz com que ele seja acusado de mentiroso e expulso da corte de Blois. Em seguida, em outubro e novembro de 1458, François Villon faz com que sejam entregues, a Carlos, a Ballade des proverbes e a Ballade des Menus Propos, mas não é recebido de volta à corte.
François Villon então volta para Angers com Catherine de Vaucelles e lá encontra Madame Margareth numa noite completamente bêbada, ela reconhece Villon e começa a chamá-lo de ladrão, Villon chama um médico que ele conhecia perto do centro de Angers e diz que havia uma senhora louca na rua que estava o perseguindo, Madame Margareth acaba indo para um hospital, tenta bater em Villon, que começa a dizer que não a conhecia e que ela estava louca, Madame Margareth acaba sendo convencida por Villon de que estava de fato delirando e volta para a sua mansão para ser tratada por dois mancebos que agora ela alojava em sua mansão.
François Villon se sente aliviado e vai beber vinho numa taberna do centro de Angers na noite seguinte com Catherine de Vaucelles e no dia seguinte eles partem novamente para Bourg-la-Reine para gastar mais um pouco do tesouro que Villon havia roubado de Madame Margareth. Eles ficam num hotel de luxo e ficam bebendo vinho e fumando ópio durante um mês inteiro.
Villon retoma contato com Mélenchon, que vai visitá-lo em Bourg-la-Reine após esta diversão de Villon com Catherine de Vaucelles, eles planejam mais um roubo, desta vez no Colégio Saint-Etienne, que ficava na periferia de Angers, Mélenchon informa a Villon que Desmond havia enlouquecido e estava sendo cuidado pela família no interior da França, Guy Tabarie, que havia virado desafeto de Villon depois que o havia delatado no roubo do Colégio de Navarra, estava preso por roubo de relíquias de uma Igreja Católica em Paris, pegou uma condenação de cinco anos, o que deixou Villon feliz.
Então Mélenchon e François Villon partem para o Colégio Saint-Etienne, enquanto Catherine de Vaucelles os esperava na carruagem com dois cavalos para partirem depois que eles pegassem o tesouro de lá, numa busca de duas horas, numa noite chuvosa, eles aparecem com o tesouro, disseram que tiveram que amarrar um padre que tinha acordado no meio da noite e que os flagrara, o padre estava amarrado na cozinha junto com verduras e frutas, tinha sido amordaçado para não gritar, e eles partiram na carruagem junto com Catherine de Vaucelles na direção de volta para Bourg-la-Reine.
Na semana seguinte, eles comemoram o roubo bebendo vinho na taberna do centro de Bourg-la-Reine, em que Mélenchon conheceu Victoria Salatierre, que até então era apenas uma conhecida de Catherine de Vaucelles, e os dois começam a ter um caso. Mélenchon e Victoria Salatierre partem então para Paris, e Villon e Catherine decidem ficar em Bourg-la-Reine, pois Paris ainda representava um perigo para a integridade física de François Villon.
Chega 1460, François Villon ainda planejava retornar à Paris, Mélenchon estava se envolvendo em muitas confusões, estava sem limites, se juntou a uma nova quadrilha de ladrões e faria um novo roubo ao Colégio de Navarra e também à Igreja Católica, pois queria parte do tesouro da Santa Sé para passar uma temporada na Itália com Victoria Salatierre, mas seus planos começam a dar errado.
No roubo do Colégio de Navarra, Mélenchon acaba sendo delatado por um dos ladrões que tinha sido preso, ele tenta fugir de Paris em direção à Itália, mas é capturado por um guarda, ele é preso, depois de um mês ganha um perdão da pena para fazer trabalhos forçados numa fazenda no interior da França, lá ele briga com um camponês, este acaba matando Mélenchon com foice, decapitando-o.
François Villon, enquanto isso, volta para Blois, tenta novo ingresso na corte real, mas é recusado e chamado de bandido, e por um amigo em comum com Mélenchon, fica sabendo da morte de seu amigo de infância e pensa em se vingar do tal camponês, de nome Baltasar, um tipo de líder comunitário que detestava ladrões.
François Villon se envolve com um roubo mal sucedido em Blois já no verão de 1461 e acaba sendo preso em Meung-sur-Loire, lá ele escreve o Épître à ses amis e o Débat du cuer et du corps de Villon, acaba sendo libertado alguns meses mais tarde durante uma visita de Luís XII em companhia de Carlos d’Orleans à cidade, mas perde seu status clerical, compõe, então, a Ballade contre les ennemis de la France com o interesse de chamar a atenção do rei sobre este fato, assim como Requeste au prince, a Carlos d'Orleans, mas é rejeitado novamente pela corte e retorna à Paris.
Escreve a Ballade du bon conseil neste retorno a Paris, tentando posar como um delinquente regenerado, e depois escreve a Ballade de Fortune, que exprime sua decepção com o universo parisiense dos letrados, que o rejeita. É nesse período de andanças por Paris que ele escreve a sua obra-prima Le testament, depois de várias baladas, num novo auge criativo.
François Villon é preso novamente em 2 de novembro de 1462 por um roubo insignificante e processado pelo caso anterior do roubo do Colégio de Navarra, obtém a liberdade sob condição de reembolsar a sua parte no roubo, 120 libras, uma quantia considerável, mas sua liberdade tem curta duração, no fim do mesmo mês, Villon se envolve em uma briga na qual um notário da igreja que participara do interrogatório de Guy Tabarie é ferido. Ao que parece, seu amigo Robin Dogis teria provocado os homens do clero, enquanto Villon tentava separar a briga. Villon é preso no dia seguinte.
Na prisão, François Villon passa pela tortura da água e acaba sendo condenado à forca. No aguardo da consumação de sua condenação, com a morte por perto, apresenta uma apelação da sentença, e ainda num estado de incerteza, escreve o Quatrain e a Ballade des pendus (Balada dos enforcados). François Villon tem a pena reduzida a banimento de Paris por dez anos, em 5 de janeiro de 1463, e acaba escapando de uma condenação à forca, e escreve a balada jocosa Question au clerc du guichet e o grandiloquente poema Louange à la cour.
François Villon, com a pena de banimento de Paris, sai da prisão e se manda de volta para Bourg-la-Reine e reencontra Catherine de Vaucelles depois de muitos meses sem se encontrar com ela, devido a suas prisões e o perigo de poder ter sido enforcado. Em Bourg-la-Reine, Catherine de Vaucelles tinha tomado conta do tesouro roubado de Madame Margareth, François Villon se sente com sorte, pois estava vivo, não tinha sido estrangulado na forca, e tinha ainda o fruto deste roubo intacto, pois isto não tinha vindo ao conhecimento da justiça, e ele costumava contar vantagens e fazer troça da tal Madame fissurada por infantes.
Numa taberna, ele começa a fazer apostas de carteado, acaba arrumando uma altercação com um morador de Bourg-la-Reine, depois de perder uma aposta, e propõe um duelo de espadas com o mesmo, dez dias depois, François Villon faz o tal duelo e mata este morador com uma espadada no peito do mesmo, alguns locais ficam revoltados, e François Villon e Catherine de Vaucelles então saem às pressas com uma carruagem na direção de Angers.
Já em Angers, François Villon efetua uma compra de uma casa na cidade, um dos filhos de Madame de Stael descobre a negociação, pois estava há anos atrás de François Villon, e o poeta, depois de comprar esta casa, vai ao interior da França para matar Baltasar, o tal camponês que tinha decapitado seu amigo Mélenchon, ele vai à casa do tal Baltasar, começa uma confusão, François Villon não alcança seu objetivo, muito pelo contrário, ele sai correndo de um grupo comandado por Baltasar, que queriam linchar François Villon, que sai como um rato covarde numa carruagem de volta para Angers.
Uma semana depois, bebendo vinho num taberna do centro de Angers, ele jogava carteado e fazia apostas, a investigação do filho de Madame de Stael dera resultado, ele vai à taberna ver François Villon, estava com uma adaga escondida em sua roupa, começa a conversar com o poeta, que não sabia quem era aquele homem que adentrara na taberna, depois de ter feito novas apostas de carteado, François Villon sai da taberna e começa andar pelas ruas indo de volta para a sua casa para encontrar Catherine de Vaucelles, depois de ele andar uns 50 metros longe da taberna, é apunhalado pelas costas e morre estatelado no meio da madrugada numa rua do centro de Angers.

Contos Psicodélicos – Volume II (conto pronto em 22/07/2020)

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.



  





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