Será que da infinitude
eu posso saber o fim?
O espaço se multiplica
polissêmico,
vozes guturais do inferno
me trazem à tona.
Eu, que tenho feito estudos
de épocas diversas,
creio que o tempo inabalável
vai e vem como um pêndulo.
O deserto da vida ainda é
o que é?
Sei algumas coisas do eterno
em minha finitude,
mas pode a vida ser grande?
Pode o grande abismo
se abrir para a queda?
Não sei se vou aos fatos diários
das notícias de jornal,
tenho me alimentado mal
e voltei a fumar,
tenho espasmos incontroláveis
que são reflexos dos meus pecados,
esta é a minha condição humana.
Pode o infinito provocar
a minha loucura?
Será que da vida carnal
o estalo de percepção
tenha solução
para os meus medos
vulgares?
A estrada se abre,
o caminho é longo,
a terra prometida
longínqua.
Tenho tédio e horror
à todos os horrores
desta vida,
tenho uma alma animal
que dança inesperada
com um brilho de névoa
a esperar a fortuna
que nunca virá.
Ele acorda às seis da manhã,
se veste e lê o jornal,
depois trabalha,
depois come,
depois se despede
de seus amigos.
Enfim, a dura carne
pode apagar o que há
de alma em nós?
Não me espanto mais
quanto à inconsequência
da juventude,
deixo esta confusão
para trás,
temo apenas a falta,
o vazio, o vácuo
da existência.
Prefiro perder meu tempo
vendo as revoluções
de bem longe.
Prefiro economizar tempo
quando da chegada
do cadafalso
dos amores
perdidos.
Canto à noite a boemia,
faço de uma mansarda
o habitat ideal
de um poema que
se insinua
no poeta
que bem sabe
lhe dar
a expressão.
Sou o tempo e o espaço
da minha razão e desrazão.
28/10/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
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