Marcha a estrada na noite, atropelados como eu
Dançam. Com as migalhas da vida perfazendo
Todas as minhas ações, torno-a maior ainda
Em meus pés, e o solo se reveste de flores.
Com o sol perto da rocha, e com o céu claro,
A estrada amanhece e continua sempre.
Marcha agora no dia, para depois retornar ao escuro
Sem sol, vendo apenas os montes
Nos quais o meu amor desfalece.
O sensível toque de altivez ressoa na febre
E nos cartazes do tempo. Torna-se logo apatia.
Eis a vida suprimida, por não ter o amor
Que tanto sonhava, por não ter férias em minha
Alma de tragédia. Por não revelar, ou esconder,
O mais silencioso palácio dentro de mim,
Um palácio vazio, um palácio escuro,
Em que o sol não ousa entrar,
Que a luz da vida já não ousa entrar,
Que a cidade ignora,
Palácio da noite que o silêncio afaga.
Lembro de juventudes e de sonhos,
Sem tê-los mais, sem o céu ou o amor,
Restando a esbórnia solitária
Na cidade que um dia cantou,
Cidade que mora longe,
Cidade em que estou.
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