PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 30 de outubro de 2011

MORTALIDADE


           
   Um homem agônico descansa na alma pálida
   Qual seja a forma de sê-la.
   Este irônico que ri de qualquer zelo
   Que com ela se arraste.
   O frio neste instante
   É nada como sua alma sem prazer.

   Quem, de todos, diria serem pálidas
   As formas desmembradas
   Dos sentidos, das razões finitas,
   Do cérebro ígneo da dúvida?
   O agônico pasto do mundo
   Canta com seus penitentes,
   Que deixam longe o segredo
   Dos seres cósmicos,
   Preferem o sol sobre a carcaça.
   (Vem lá de cima a ilha do paraíso,
   Não esperem chegar lá).

   Este homem, vês quem é?
   Com afinco me dedicarei a matá-lo.
   Este fantasma dos fantasmas
   É o pior dos idiotas, o mais mortal
   De todos os mortais.
   Eis que é o homem que não se vê,
   A mais noturna ambição
   De querer ser alma
   Quando nela se quer o mundo,
   Poeira de mundo,
   Maravilha de coisa alguma
   Em todas as coisas.

   Qual é a agonia maior do que ignorar-se?
   Qual é a mentira maior do que ignorar-se?
   Tal é a condição humana,
   Este homem é qualquer homem.
   Tal é a falta de um si mesmo infinito
   Sem as fissuras do tempo mortal,
   Seríamos anjos?
   O dia não há de chegar, pois é amanhã.

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