PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

APOLOGIA DE ALBORGHETTI

O apresentador entra no estúdio, toca a vinheta de seu programa, Jornal do Crime, começa o programa:
Apresentador:
__ Boa noite, cambada! Estamos aqui em mais um Jornal do Crime, com as notícias sobre o Brasil, este país de merda que todos conhecem e já estão carecas de saber, com estes políticos roubando e esses marginais nas ruas matando todo mundo, que merda! Bota a notícia aí Valdomiro! Porra!

Narrador da notícia:
__ Um crime ocorreu ontem de madrugada na praia do valão, um estuprador matou a vítima indefesa e a jogou no mar, o meliante foi preso hoje pela manhã, trata-se de um menor de 17 anos que será levado para uma instituição de correção,  a vítima foi achada hoje, 5 da manhã, por um banhista, boiando na beira da areia.
Apresentador:
__ Tá vendo essa pouca vergonha? Mais um assassinato e esses bandidos de merda rindo da nossa cara! Quer dizer, o cara mata e depois sai rindo porque sabe que nesse nosso país reina a impunidade. É bandido matando e político roubando, é esta merda que a gente vive todo dia, nem bota a cara desse infeliz na tela porque ele é menor, puta que pariu hein? Vou te contar, vontade de botar um bandido desse no paredão e mandar fuzilar, e agora essa, mais essa! Que merda!
(Ouve-se uma voz nos estúdios)
Apresentador:
__ Cala a boca aí, porra! Não tá vendo que a coisa tá séria, seu burro! Burro! Burro! Vai à merda! O que eu faço com vocês? E essa porra dessa mesa tá com a perna bamba, não tem dinheiro pra porra nenhuma, caramba! Eu tenho fãs em todo o país mas não posso ter uma mesa decente, mas puta que pariu! E bota esse bando de bandido na vala, na praia do valão pra ficar boiando e não mais uma vítima da violência desses meliantes! Enquanto os políticos, em vez de resolver essas cagadas, fazem mais cagadas ainda! Todo mundo pelado e fazendo suruba em Brasília, que pouca vergonha! Nosso país nessa merda, essa cambada governando e nada sendo feito! Mas que puta que pariu! Chama a outra notícia aí Valdomiro, cacete! Porra!
Narrador da notícia:
__ No interior do Paraná fomos entrevistar um agricultor, sua casa não tinha nada, foi denunciado que a prefeitura desviou verbas do saneamento básico, sabe-se que o município aqui não tem água tratada, tudo que é lixo é jogado no valão, Seu Messias, o agricultor, diz que sua casa não tem banheiro, toda a família faz as necessidades num terreno baldio próximo, um fedor de merda toma conta do local.
Apresentador:
__ Mas que merda! Quer dizer que esse prefeito de merda tá roubando o dinheiro do esgoto e deixando a cidade feder à merda? Sr. Prefeito, toma vergonha nessa sua cara! Você tem que ir pra cadeia! Rouba o dinheiro todo e caga em tudo e deixa os outros cagarem no terreno baldio, mas que porra é essa? (Bate com o cassetete na mesa, bam! Bam! Bam! Bam!) Puta que pariu! Um prefeito ladrão fazendo todo mundo do município cagar no chão! Tá vendo como é esse país? Bandidagem solta por aí, matando e estuprando, e um monte de político safado que não tem mãe roubando dinheiro até de saneamento básico, mas o cara tem merda na cabeça mesmo! Que bando de filho da puta! (Ouve-se outra risada no estúdio) Cala a boca aí! Mandei tu calar a boca, palhaço! Seu palhaço! (Dá novas batidas com seu cassetete na mesa, bam! Bam! Bam! Bam! Bam!) Esta merda desta mesa está caindo aos pedaços, não tem dinheiro pra porra nenhuma, não sei como o nosso jornal ainda está de pé nesta bosta de estúdio, puta que pariu! E fica esse palhaço cheio de garapa aí rindo como se não tivesse nada com isso, mas é uma palhaçada mesmo, nós, brasileiros, somos todos palhaços e o circo tá lá em Brasília, com esse bando de safados de merda roubando todo mundo e tudo caindo, o país mergulhado na merda! Gente cagando no chão porque tem político roubando dinheiro até de esgoto, puta que merda! Chama a última notícia aí pra encerrar este cacete que já tô sem paciência!
Narrador da notícia:
__ Velhinha é presa no aeroporto com 500 comprimidos de ecstasy dentro da mala, ela disse que era inocente e que não sabia que tava levando a droga, está presa na 15ª DP aguardando julgamento.
Apresentador:
__ (Dá uma gargalhada longa até engasgar e tossir) Agora essa! O que essa velha tinha que fazer com essa caralhada de droga, enfiar no cú? Fazer dinheiro por aí? Puta que pariu! Agora a velhinha tá presa é? Que mundo mais doido! Agora tem até velhinha na bandidagem, claro! Ninguém iria saber que uma indefesa velhinha poderia fazer uma cagada dessas! Mas agora pode tudo! Esse país está perdido! Todo mundo vendendo droga adoidado, todo mundo louco, chapado, nessa terra de ninguém! Puta que pariu! Que merda! (Bate com o cassetete na mesa de novo, Bam! Bam! E grita merda três vezes enquanto dá mais cinco batidas na mesa e a mesa cai no chão) Que merda! Agora sim tá na hora de acabar esse programa e temos que comprar uma mesa nova, que palhaçada! Aqui no estúdio só tem palhaço, puta merda! Vão todos pro inferno cagar no mato! Esse nosso país tá perdido! Estupradores, políticos de merda, ladrões! E agora até velhinha trafica droga, e essa merda toda vai pra onde? Hein? Eu tô com o meu saco cheio! Tá na hora de todo mundo tomar vergonha na cara e prender toda essa cambada de merda! Boa noite e um beijo pra vocês. (Ele levanta e faz uma careta pra câmera, a mesa já virada no chão, e aí arremessa o cassetete pra longe, entra a vinheta de encerramento do programa)

05/06/2013 Paranoide
(Série de Sketches)
(Gustavo Bastos)



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