PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 9 de julho de 2011

SENSÍVEL POEMA DEVORADO

Quanto mais eu penso

em deixar o poema falar,

mais ele se esconde e fica mudo.



Vivido ele é, poema escasso,

da negra sombra emprestado.



Sou o exílio neste mar de verso,

tenho nas mãos as diabruras,

vou em vãos então nas carnes nuas.



Fui herói romântico um dia,

mas neste agora só tenho a agonia.



Fui mistério na flor da alma,

e agora contemplo o céu com o fulgor

da calma.



Venho deste imenso azul eterno,

sou a cruz sempiterna do universo,

poeta degredado das suas amantes,

sou o vinho desejado e fermentado.



Quando, pois, estarei sóbrio?

Aqui está o poema desvelado,

uma descoberta do que é o bem

em um encontro de seres alados.

Poeta, a nuvem te toma.

Navega, enquanto tudo desmorona.



Sou este que vos diz

que o poema é líquido,

sou o bruto e o sensível,

não tenho amor de chuva

e nem de sol,

sou um pobre manso no farol.



Delicada é a fonte do poeta,

este que vos dá a sua senda,

um voraz do verso

do qual se alimenta,

este que é o devorador

de sonhos,

pronto ao fugaz

que vive num

lago profundo.



25/08/2010 Gustavo Bastos

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