Da própria fala eu guardo o gesto abjeto.
Teatralidade do caos, eu salvo a meretriz
e bendigo o ladrão.
Da escrita só nos resta a palavra morta,
outro dia eu vi um ovo nascer
das letras renascidas
que querem o além do ver.
Para tanto o que eu quero
é o não querer.
Para tudo não para somente nada,
e isto é tudo que eu não paro.
Poema-caixão.
Poema do caos e do inferno.
A palavra é um espasmo da alma
enquanto carne que fenece.
Além de todos os símbolos
está a fossa de tudo perder,
perdido corpo de nuvens
e o esmero do poeta
que é o suicídio do verso.
Ora tão pronto quanto o homem,
maduro para se ter
os olhos decididos
para um mártir desiludido.
A paz é agora
a guerra da palavra
sem sentido.
Vamos escrever para quê?
Vamos caminhar para onde?
A selva dos porquês,
um cipoal da existência.
Não tenho tempo
para me fazer entender.
A vida é um sem saber o quê?
25/12/2009 Gustavo Bastos
A Hora das Fornalhas
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