De quem senão se dá somente a tristeza,
este emurcheceu, e esqueceu da alegria.
Noites em que ele desce,
não se dá a si mesmo amor e companhia.
Desvela a flor e lamenta com a dor da partida.
Este homem secou no caudaloso verão.
Dormiu na praia seu hipnótico transe
de farelos de pão e fome negra.
Este homem partiu-se em dois,
devorou a sua própria carne,
e mentiu o seu intuito de cadáver.
De quem é só tristeza,
este esqueceu toda alegria infante,
esqueceu o seu duplo no espelho
de uma felicidade dos outros,
emurcheceu e desfaleceu,
corrompeu o próprio coração
em busca de fuga.
Este homem só que foge de si mesmo,
que já não visita os amigos,
que já negou a sua família,
é o ser descampado e deserto
onde o horror floresceu,
este homem não arde mais
como na juventude,
eis que é a essência roubada da floração
em que seu nome foi esquecido
num pranto ignoto de lamentação.
14/02/2009 Gustavo Bastos
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