Já tocava a hora da meia-noite
quando ainda estava acordado
o bardo num silêncio apaziguado.
Foi fundo ao palácio do medo
e disse secamente:
"Estou vendido aos famintos da praça,
não tenho salário, não tenho pão,
só tenho o meu corpo esguio
e as mãos abertas pedindo perdão."
Foi assim, numa calma plena,
que ele pegou a pena
e entendeu a sua desgraça,
foi embora para uma vida nômade,
encontrou seus iguais na estrada,
e foi viver ébrio como um destemido.
Caminhou em direção ao horizonte,
falou de versos que lhe escapavam
em sonhos quando dormia,
e reteve na alma somente
o dia em que foi feliz.
Já era a meia-noite o seu lar de caminhante,
na rua vazia cantando para ninguém
as suas horas vadias,
um homem e sua saga,
viver por viver com a sua cruz
carregada.
22/01/2009 Gustavo Bastos
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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