Tomo na mão os projetos da minha vida,
e penso em tantas outras vidas
que se planejam.
Será que os planos de todas as vidas
lograram êxito?
Será que todas as paixões que despertaram
tais planos foram saciadas?
Penso em poetas e escritores como eu,
que, numa ânsia pelo reconhecimento,
tentaram tudo dizer com as palavras,
tentaram tudo abarcar na corrente indizível
dos desejos.
Tenho pleno no meu sangue
um plano de possibilidades infindáveis,
poetas, estes mortos,
aos quais o veredicto da história literária
ignorou,
e outros tantos eleitos
representantes de épocas e correntes literárias.
Aqui no Brasil posso citá-los às pencas,
Machado de Assis e José de Alencar,
Drummond e Vinícius (já um clichê
da poesia brasileira),
simbolistas, parnasianos, modernistas,
Gonçalves Dias, Castro Alves, Álvares de Azevedo,
Torquato Neto, os concretistas,
uns muito velhos e antigos,
outros tantos novos querendo
um nome nos analectos poéticos do mundo,
uma tropa operária das nobres ambições,
mas que, no entanto, com a pena,
não estão, na maioria das vezes
em que escrevem,
pensando nisso.
Tanto que nem é bom almejar o estrelato,
nem almejar ser um grande dinossauro
do rock, um popstar, um ídolo da juventude.
O que cabe ao humilde é escrever
sem pensar no amanhã,
sem pensar se isto ou aquilo que se faz
em nome da arte, da literatura e dos artistas,
é de mestria ou do quilate
dos vários "eleitos" pela História.
O grande aprendizado, nisso tudo, por exemplo,
na arte da escrita e da poesia,
é deixar que o mar e o vento,
o sol e o céu,
digam para nós
que eles são mais belos
que qualquer poema escrito.
22 de janeiro de 2009 (Gustavo Bastos)
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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