PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 21 de julho de 2023

VIETNÃ

Marginal, a margem da rua salta,

o olho mira perde a mira,

a pira fogo é, o cachimbo

que pira a rua sem fé.


Olho vidrado, canivete, baba, 

a rua desaba, eu vejo a rua alta

como um pedregulho que rola.


Chove de noite, o frio mata

a viagem de crack.


Sim, o poema resiste,

é borrado, torto,

mas resiste.


A rua é pau e pedrada.

A rua a estrada.


O poema resiste,

seu reino de papelão,

de sonhadores,

de bufões,

na rua nada

teme.


Chove de madrugada,

mata de frio o bêbado

barbudo cheio

de piolho.


Seu nome era Piolho,

Duende Maloqueiro,

lhe chamavam de Cosme,

lhe chamavam de Carlinhos,

seu poema era nada,

um jornal e seu cachorro

sarnento, cego,

idoso, com uma pata

inchada, a gota 

tomava Piolho, Cosme,

Duende etc.


Este poema foi escrito

olhando a marquise,

o museu que pegou fogo,

os ratos que passavam

na latitude da miséria.


Gustavo Bastos, 21-07-2023 - POESIA BRUTALISTA


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