O planeta atávico me confere
o distinto karma,
brotos e cantos telúricos,
o brilho da maçã
e a sonora laranja,
meus olhos lacrimais
que choram cebola,
tubérculos e raízes fortes,
um chá xamânico,
uma flor psicodélica,
o caos do mistério
uivante,
o planeta tem um sabor
de terra arrasada,
de fundo de martelo,
de pista escorregadia
de granizo,
o planeta é um soco na barriga
que morre faminta,
seus espantos são refrescos
poções e infusões de poetas,
planeta germinado
de libélula e de borboleta,
planeta flácido ou rijo
gerado da samambaia,
do folclore e do
teatro mambembe,
planeta florido que é música,
ente de terra roxa com mansardas
de meia-água e de pé-direito
demolido, terra de ninguém
nos ócios e nos insultos
de cada dia,
planeta dos pães ázimos
que fundam a cabala,
planeta oco e bolorento
das fadas sopradas,
planeta enfadonho
dos povos,
eis que o poeta lhe dá a cara
mais ritmada que lhe possa
ser conferida,
da poesia do hiperurânio
ou do verme e do vírus
mais rudimentar,
eis que o poeta
lhe dá carne
e espírito,
planeta de cantores
e de assassinos.
30/10/2017 Gustavo Bastos
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