“entre 1966 e 1967, vemos surgir um guitarrista
norte-americano de nome Jimi Hendrix”
ESTADOS UNIDOS
A banda em que despontou a estrela de Janis Joplin foi o Big
Brother and Holding Co., esta que era uma das grandes bandas que surgiam
naquele cenário de São Francisco de 1967, com novas bandas psicodélicas
representantes de uma juventude que emergia com liberdade num cenário de
protestos contra a guerra e o status de vida capitalista mediano.
E junto com isso, de todo o movimento hippie que carregava
esta juventude dos anos 1960, sobretudo 1967, temos também bandas como o
Grateful Dead, liderado pelo genial Jerry Garcia, num estilo que juntava folk,
country e experimentalismo (com altas doses de LSD nas jam sessions), e a banda
que representava bem o cenário californiano, hoje sendo até um som datado,
dependendo do ponto de vista, que era a banda Jefferson Airplane. Com a
Grateful Dead lançando seu debut em 1967, e a Jefferson Airplane lançando
Surrealistic Pillow, e depois, ainda em 1967, After Bathing At Baxter´s. Temos
também bandas de menor vulto como eram a Quicksilver Messenger Service, Moby
Grape e a Love.
E uma banda de Los Angeles, The Doors, também despontava, em
paralelo ao burburinho do Festival Pop de Monterey (a banda não tocou no
festival), mas com a mesma intensidade das bandas de São Francisco, e que teve
o ano de 1967 como um momento especial de afirmação na música e no rock,
lançando seus dois primeiros álbuns, que foram o “The Doors” e o “Strange
Days”, se colocando não como uma banda hippie como eram as de São Francisco,
mas com a mesma verve experimentalista e psicodélica.
A banda The Velvet Underground, por sua vez, também
norte-americana, mas com origem em Nova Iorque, lançava naquele ano de 1967 o
seu debut, o The Velvet Underground & Nico, guiada por músicos como Lou
Reed e John Cale, que é o hoje famoso álbum com o desenho da banana de Andy
Warhol, mas que na época foi um fiasco de crítica e de público.
Isto é, um álbum e banda subaproveitados na época em que
surgiram, mas que, posteriormente, viriam a ser influência para inúmeras bandas
bem-sucedidas que viriam nos anos à frente. Isto pode se dever ao som que a banda
praticava, que não coadunava com nada, era um tipo de música de vanguarda, e
que não se encaixava nem mesmo no experimentalismo ou psicodelia próprias de
1967 e do movimento que vivia o rock em geral, com músicas que não seguiam
nenhum padrão existente, como I'm Waiting For The Man, Heroin e Venus In Furs.
REINO UNIDO
No Reino Unido, por sua vez, também temos um ano de 1967
brilhante, com bandas poderosíssimas, seguindo também, neste ano, a rota
experimental e psicodélica, bandas como The Who, The Rolling Stones e The
Beatles. Com os Beatles alcançando o topo criativo, junto com o produtor George
Martin, voando alto com o emblemático álbum Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club
Band, marco de 1967 e de toda a História do rock, consolidando a guinada
experimental da banda que havia começado com Rubber Soul e Revolver.
Os Rolling Stones, por sua vez, navegaram na seara
psicodélica sem terem o mesmo sucesso dos Beatles e de outras bandas, pois
meses após o marco histórico dos Beatles, eles botam na praça o Their Satanic
Majesties Request, um disco bom, agradável, mas que não foi bem recebido ou bem
compreendido, uma vez que os músicos dos Stones surgiram bebendo na fonte do
blues, e a versão psicodélica deles soou meio deslocada pelo que eles eram como
banda desde então e que seriam também depois de 1967.
O The Who, por sua vez, em 1967, ainda antes dos saltos com as
óperas-rock do Tommy ou do Quadrophenia, teve seu primeiro álbum conceitual,
que foi o The Who Sell Out, apontando um caminho que estendia muito o escopo
até então de canções curtas do estilo de vida mod de seus primeiros álbuns.
Nada muito lisérgico, no entanto, mas com o conceito avançado pelo que eles
tinham feito até então como compositores.
Ainda no cenário britânico, temos o excelente power trio do
Cream, formado por Eric Clapton, Ginger Baker e Jack Bruce, com 1967 sendo o
ano em que saiu o incrível e experimental Disraeli Gears, numa mistura que
conseguiu reunir com perfeição tanto a fonte blues-rock como o experimentalismo
psicodélico em voga naquela época, com hinos definitivos como era a faixa
Sunshine of Your Love.
E no cenário britânico, entre 1966 e 1967, vemos surgir um
guitarrista norte-americano de nome Jimi Hendrix, este que iria mudar tudo do
que se conhecia com guitarra até então, e que despontou no mundo da música de
fato com a sua primeira banda The Jimi Hendrix Experience, pois antes foi
colaborador e músico de apoio de figuras como Little Richards.
Jimi, como músico, explodiu sobretudo depois de sua
apresentação no Festival Pop de Monterey, com o The Who tocando antes dele, pois
os caras já sabiam que Jimi chegaria para ficar no mundo do rock, no que Jimi
Hendrix desbancou o até então chamado Deus da guitarra, Eric Clapton. A sua
banda The Jimi Hendrix Experience que também contava com Noel Redding no baixo
e Mitch Mitchell na bateria, sendo 1967 também o ano de lançamento do debut da
banda, o Are You Experienced?, ano em que a banda também daria luz ao segundo
álbum, Axis : Bold as Love.
E neste ano de 1967 também vemos se consolidar e se formar o
que viria a compor o cenário do rock progressivo, com 1967 sendo palco para
álbuns que abririam este caminho do rock como o debut do Procol Harum, com o
nome da banda, já com o uso do órgão Hammond, e com o grande sucesso daquele
ano que foi a faixa A Whiter Shade of Pale.
E num estilo que muitos ligam mais ao que seria um gênero à
parte de uma única banda, podendo ser bem chamado de space rock, mas que
forçosamente alguns botam na pasta rock progressivo, temos o debut do Pink
Floyd, que foi o álbum The Piper at the Gates of Dawn, indo ao extremo da
experimentação e da psicodelia praticada até então, com a maioria das
composições feitas pelo então vocalista e guitarrista Syd Barrett, que logo em
seguida teria a sua mente derretida pelo LSD, tendo que sair da banda. Este
álbum pode ser bem considerado como o que consolidou o campo do
experimentalismo no rock.
CONCLUSÃO
1967, portanto, tem importantes contribuições musicais,
sobretudo no rock, com fenômenos simultâneos surgindo, e que tinha um cenário
ideológico de liberdade, ímpeto que se refletia no rock e no estilo de bandas
que mergulhavam de cabeça na psicodelia e no experimentalismo, cenário que
tinha bases em São Francisco, mas que também contava com um forte fluxo
criativo das emblemáticas bandas britânicas que também participaram deste
processo de renovação e expansão do rock até então conhecido e praticado.
Link recomendado : https://www.youtube.com/watch?v=Mb3iPP-tHdA
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/36287/14/algumas-perolas-de-1967
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