Destas ruas no outono guardo
o frio dos bares, nas andanças
pelo palácio estelar um deus moribundo
dançava a sua última valsa,
eu via com os seus olhos
as flores enxutas que ele
deixava para trás,
meu vinho fortificado
já vestia os sabores
que o canto úmido
poderia entoar,
nas rosas das saudades melífluas
um certo sorriso botânico
pintava os cacos
de que o coração sucumbia,
leve, o frêmito mais denso
rompia na galáxia
das supernovas,
como um vento mercurial
de potência e sonho,
ais, os fundos vítreos
de que o teatro cobria
o proscênio,
com gárgulas
no terror noturno,
eis, o coro das oito feras
como pântanos febris,
oito feras vulcânicas
como terremotos,
oito feras de chumbo
como petardos sonoros,
no teatro, com alvor das chagas
de uma guerra santa,
as damas vermelhas
cantavam como
borboletas alucinadas,
vestais pagãs
nos delírios
de barregãs,
lupanares derramados
nos hinos dos salmos
e dos trovadores
que faziam da epopeia
um cancioneiro
de ventanias,
poemas como licores
fremiam tais espantos
de madraços quando
o sol se calava
na noite,
e a estrela brilhava
no farol.
25/10/2017 Gustavo Bastos
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