A noite, como um jorro de mel
ante as asas bucólicas,
estremecia o pântano em que
dormia o monge envolto
com sua túnica de cristal,
pelos montes fervilhava o néctar
e os lilases espoucavam com
tudo de real à monarquia
das estrelas estilizadas,
com vinho de vitral, cântaros marrons
de barro bruto, a vida crua do ventre
que o poema descrevia com sua febre
de águia e sua raiva de leão,
patas marcadas na trilha das rosas,
eram répteis com suas fagulhas
de escamas entre os dentes,
o rio de peixes elétricos
com bombas entre as guelras,
e o morticínio astuto da guerra
com os oris sucumbindo
com os mitos falanges
e tupinambás que se
afogavam no moinho
dos luares loucos,
sentia o poeta seu cadafalso
com a macilenta face de esteta,
entre seus versos nutria de mel
seu espanto como um ser cósmico
que descia da nave para uma nau,
náusea era seu potente canto,
como um trovador ou aedo
registrando as sunyatas
que das vedantas o hino
sussurrava como vímana
dos astros e dos sóis infinitos,
como um monolito negro como carvão
serpenteava o estro,
firme e decidido,
pronto ao ataque sutil
de que a pena brilhante
remexia em seus cantos
de batalhas sequiosas
e enamorado de poções
de amores luxuriantes,
perto do cais o poeta se suicidava
com todos os seus gáudios
e febricitantes sacerdotisas
como na inspirada consulta
à pitonisa depois do terror
com as fúrias,
era como um perseu
na rocha e no penhasco
matando a medusa,
deambulando pelos pórticos
saía à mão cheia os luares
espantados de sal,
os coros das tragédias
eram como fados
deste poeta
de farol.
29/09/2017 Gustavo Bastos
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