Na rua, com a cara molhada,
os gemidos de dor de fome
são mais nítidos.
A chuva nos libera os dons mortíferos,
e eu que vi os ínferos brotarem
como topázios na via diamantada,
cresci como um grande cogumelo
nos mofos das paredes,
gritei como um leão nos haustos
produtores de caos
na flor da cidade.
E, calma, não saio com os colares
das cores que pus na trilogia
dos cavalos xucros,
pois na lida ainda sei dos teares
que são moto-contínuo
e leitmotiv
com crescidos giros
de orlando furioso,
ou talvez que o livro indecente
que havia muito imaginado
virou frontispício
de um gole de absinto
na floresta da cidade.
Pois, que ao bruto sacode das ancas,
jogral eu fui como poeta.
30/04/2017 Gustavo Bastos
domingo, 30 de abril de 2017
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