PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 7 de maio de 2016

ÁLACRE

Com que álacre sentido terás
por mim matado?
Desde já o instante é um espoucar gratuito,
deste dar de si seu mesmo sumo,
e de ter super prazeres no caudal
desta máquina nau de loucos.

Pois, constantemente chapado,
morro um pouco para mim,
vivo mais para o nada,
convido os anciãos à festa,
dedilho um violão
com pouco esmero,
sopro ao volante do bafômetro,
entremeio um entrementes,
tenho um intermezzo de alucinações.

Oh, roga por mim um leão!
Ruge pelos outros um quinhão.
E não lastimo, não tenho
sequer anotado tudo isso,
pois estou sempre em transe.

Com que álacre sentido teremos
imorredouros ressurrectos?
Com que mais, à paz conquistada,
tenho de ás à valete
uma aposta de debrum?
Uma dor de cotovelo
às avessas?

Pois, de cantar mais alto, aos gritos,
espantei a freguesia, e uma boca
blasfema como a minha
cheira a miasma urbano,
boêmia salgada de pranto,
uma saraivada de exames
sobre o coração decomposto,
os chulos provérbios de
quando enlouqueço,

e no álacre canto, sumo de mim,
tenho pontes, queimo horizontes,
desvelo sete símbolos
de I Ching,
uma sétima sobre o sol,
dez dentes de tigre,
quinze continhas de reza braba,

uma costura bem urdida
em urzes e bambuzais,
numa casa de pau-a-pique
como casebre sem luto,
meia-água,
feliz para cacete!

07/05/2016 Gustavo Bastos

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