Passo pelo vão, não muito açodado,
o que o mestre, de sua sombra,
me ensinou?
De verter verso, com um candelabro,
e a mão visível pela tormenta.
Quando das grandes guerras
o sangue corria,
meu cachorro cego latia
com dor de garganta,
meu gato de rua assobiava
canções felinas,
e o leão desdentado de minha aquarela
rugia tinta vermelha.
Ora, que são horas passadas,
este de ter para si
o turno diuturno
de insônia,
o dia vívido quando se dorme
como anjo,
a noite vítrea que corrompe
o bêbado,
os passos preguiçosos
da tarde viciada.
Não muito açodado, com o figurino
bem encorpado, e os braços bem
torneados, com os pés lúcidos.
Quando no tempo de paz,
aqui está o verso plácido
que ressurge na escritura,
e seus tons pastéis e bobos
como um acorde dissonante,
em quinta diminuta
de terror e vinho,
no tempo de paz que nunca chora,
no tempo plácido sem o grito,
a ver da caverna sem sol,
a luz oculta.
04/05/2016 Gustavo Bastos
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