Dálias fumegantes conversam entre si
na minha taça de absinto
com o certo espasmo
ao bruto torpor de heroína
espero o canto final
de quando o mundo estará
fora de si
e espero o dólar na minha janela
vendo o Oceano Pacífico
furioso de corte profundo
como o vale de lágrimas ao ócio
ao entender a fórmula dos mares
que são frios de noite
e tropéis de fogo
no Monte Meru
e lírios campos de roto fulgor
e martírios espero mais
e lânguidos sóis de dezembro
espero a morte vivendo
de poesia e o prêmio de poeta
no cais misterioso
de uma praia esquecida
e espero a economia crescida
dos fenos e das canas bravas
como a vinha ao brumar com o dia
e a gotícula de ardor
nas mãos do literato
e espero minhas flores nascerem
aguardo com a paciência bíblica
o kairós da terra prometida
matar os egípcios nas pirâmides
e espero o outono de lírios roxos
de pernas de fora de astúcia vaginal
e espero o verdor azul
de meus sonhos amarelos
e o palco com patafísica monumental
no surto das bacantes
e o picadeiro com palhaços clowns
e um préstito com fogueira
nos dias mortos
de domingo.
27/04/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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