PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PRANTO DE SAL

Estar vivo é como
estar para morrer.
O sol cai em fuligens
de mar torrencial,
os olhos das flores
comem a dor da floresta,
o tédio enfadonho
recusa a chama brutal,
a tempestade vem como rito
de uma magia ancestral.

Vejo, no mar do asfalto,
leves sonhos da dor profunda,
caos e semente na vida imunda,
vinho intempestivo como farol
ao meio-dia,
lutas sangrentas de mármore
como árvore de pedra sulcada,
lenho forte no tronco da vitória,
praias paridas de lume e sal.

Estar vivo é como estar para morrer.
Em vão sonho de poesia
corre a libélula na chuva,
com sede, torpor e canção,
corre o tempo com suas
entranhas,
corre a luz morrida e vivida
da paz e da guerra
dos devedores,
corre o silêncio, a vida, a morte,
e tudo que corrói e revive
na alta junção dos corações.

Peste viva, no mar sempre
estará.
Noite funda, no horizonte
nunca morrerá.
Sol estranho, com tua veste
minha poesia viverá.

Estava a poesia enfadada
de todos os ritos
de ordem e fracasso.
Estava a poesia mordida
de fome e fracasso.
Estava a poesia sofrida
como sonho perdido
em luta infinita
com o caos do mundo.
Estava a poesia ...
Estava a poesia ...
estarei distante por longe
do longe que é infinito!
Estarei poeta, como poeta
estarei.

Estar vivo é como
estar para
morrer.

13/09/2012 Libertação
(Gustavo Bastos) 



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