PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

LIMOUSINE

(POEMA-CONTO)

Uma limousine foi comprada
por uma galera pesadíssima.
Jack, totalmente bêbado,
dirigia loucamente
tal maravilha
pelas ruas de uma cidade
esquisita e mal cheirosa.

Logo, depois de passar
por lugares marginais,
começou a entrar pessoas
na limousine,
a galera era do inferno
das noites de balbúrdia.

Primeiro, entrou Marylou,
atriz pornô de pernas grossas
e voz macia.
Em seguida, entrou Dênis,
traficante de cocaína,
ex-atleta de futebol,
e que já tinha torrado
toda a grana
que ganhara
em carrões
e prostitutas de luxo.

Depois de Marylou
e Dênis treparem freneticamente
no fundo da limousine,
entrou Malaquias,
narrador de rádio de futebol,
beberrão, torcedor fanático
do América do Rio de Janeiro,
e que estava desempregado
depois de chegar bêbado
e seminu ao trabalho.
Malaquias era amigo do peito
de Dênis, o qual conheceu
quando fora repórter
da primeira divisão
do campeonato brasileiro.

Marylou era casada com Dênis,
a relação dos dois era
tórrida e aberta,
uma verdadeira ode
à libertinagem
e à orgia,
Marylou era insaciável,
até Dênis, viciado na coisa,
muitas vezes capotava
depois de oito horas
de sexo com a loura safada,
e ela ainda querendo mais.

Logo após chegar Malaquias,
o velho bêbado,
entrou Francesca,
puta velha do subúrbio
que vivera por
três anos nos cassinos
de Las Vegas
fazendo sabe-se lá o quê,
era amiga do peito
de Marylou,
foi ela quem arrumou
uns contratos
para a loura safada
fazer seus filmes
hardcore,
Francesca até fez
uns da boca do lixo
nos anos 80,
mas depois foi
para o lupanar
matar a vontade
de velhos tarados
e mal casados.

Aí, quando começou a bagunça
entre Marylou e Francesca,
com Dênis e Malaquias
apertando uma bomba
de maconha,
entrou na limousine
um viadinho de nome Selmon,
que de noite virava Suzette
e cantava no lupanar
em que Francesca
trabalhava,
Francesca era como
sua mãe naquela
vida atribulada.

Depois de Selmon entrar,
veio Ricky, halterofilista
que tinha ficado broxa
depois de tomar
toneladas de ampolas
de esteroides,
tinha sido parceiro de Marylou
em vários filmes hardcore,
até que não conseguiu
mais ter ereções,
e então Ricky passou
a tomar ecstasy
quase todas as noites,
malhava todo dia,
mas quase não dormia,
estava à beira
do colapso ou da morte.

Depois da bagunça
infernal de Marylou
e Francesca,
e com Dênis e Malaquias
completamente chapados,
entrou a mãe de Ricky,
a cartomante Dona Emengarda,
que era também madrinha
de Marylou,
mestre em trambiques
e dona de um brechó
com roupas que Marylou
deixava para ela
depois de fazer
os filmes pornô.

A festa da limousine
estava ficando boa,
Marylou pediu para
o motorista Jack
botar um funk
proibidão
para tocar no volume
máximo,
o carro passava pelas ruas
lotadas de gente,
todos olhavam para
aquela algazarra
na limousine
e ficavam chocados
e sem entender nada.

Na próxima esquina,
entrou o ex-delegado
aposentado Sr. Martins,
ex-marido de Marylou
e que livrara Dênis
de todas as enrascadas
em que se metia,
não tinha neurose
com o caso de Dênis
com Marylou,
agora ele tinha três
mulheres e tava rico.
Sr. Martins curtia tomar
cerveja e cachaça
na zona do meretrício
com Malaquias
e Dênis,
era um boêmio
e um filho da puta
corrupto na sua
época de "homem da lei".

A limousine foi seguindo
naquela tórrida cena
mambembe pela cidade.
Marylou mandou Jack
aproximar o carro
de uma cracolândia,
desceu e procurou
Filomena até achar.
Filomena, viciada em crack,
entrou na limousine,
nunca tinha visto
um carrão daqueles,
ela era sustentada
por Marylou,
que se compadeceu
com sua história,
depois que soube
que a pobre menina
tinha pegado Aids
há 5 anos com um parceiro
desconhecido.

Num bairro ermo e arborizado,
entrou a macumbeira Zezé,
que fazia demandas
para enriquecer Marylou
e que tinha o Sr. Martins
como o dono do terreiro,
ele era adepto da magia negra
e matou cinco desafetos
só na base da farofa
com dendê.
Zezé incorporava
entidades malignas
para fazer
sacrifícios
de animais,
tinha sido presa
por dois anos
por estes atos
abjetos,
mas o Sr. Martins
sempre dava um jeito
para soltá-la.

A diversão ficava frenética.
O Sr. Martins mandou
Jack parar a limousine
em frente à sua casa,
 ele pegou seu cachorro,
um fila chamado Renê,
e colocou ele dentro
da limousine.

Marylou já havia feito sexo
com Renê num dos filmes
dela de zoofilia,
mas aí o Sr. Martins
ficou pesaroso
e trouxe Renê
para tomar conta
de sua casa,
nada mais de
filmes hardcore
com cenas degradantes.
Marylou também já tinha
parado de fazer esses tipos
de filmes, já ganhara
um status de estrela
no mercado pornográfico
e estava ficando
milionária.

No fim, Jack parou o carro
perto de um presídio,
o Sr. Martins começou a praguejar
e não entendeu nada.
E então Jack abriu uma das portas
da limousine e entrou o policial
federal Bustamante,
que prendeu todo mundo
com cocaína e maconha
e levou toda a cambada
para o xilindró.
Jack, o motorista,
se identificou como investigador
da Polícia Civil,
mandara um SMS
para Bustamante
e a casa caiu.

12/09/2012 Contos Urbanos
(Gustavo Bastos)

   



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