A manhã de sol aportou no meu poema.
Gestos suicidas acompanham
a caminhada pelo esgoto,
cor cinza de um sol que se foi
com a beleza.
Eu acordei na vinha sonhada
com fel, anarquia e paixão.
Pelos ares foram os delírios,
como explosões da libido
cantando dores bêbadas
na praia deserta,
a areia ficando vermelha
como o sangue que corre
na eternidade.
O sonho se abriu na montanha
e os poetas se jogaram
do penhasco com um canto de febre
em seus olhos de lágrimas.
A poesia se perdia na dor exaurida
pelas trevas que sobraram
do terror da literatura.
Leio bastante nas horas de vigília,
como socorro nos ares em mistérios
de versos sem rancor.
A vida posta como silêncio
em flores que brotam
da pena em corte profundo
na carne.
Eu antevi o holocausto da chama
na tempestade da morte
com o coração de fogo
no símbolo da canção.
Eu me matei no sol escuro
de um eclipse de fuga,
como na morte do frio
que tomou o céu
na idade do grito.
As flores selvagens
são momentos de poesia
na santa esfera
dos dias perdidos
de luta.
Eu acompanhei o préstito
com o horror das fadas
em minha boca de paixão,
como um chamariz
de dor na alegria
das notas alcoólicas
que caíam na nave eterna
dos universos desconhecidos
que eu nunca vi.
Os versos possessos
surgiram da veia
como noite vil,
pelas juras de amor eterno
que desenterrei
dos amores que fugiam
numa música de lamento,
e eu vi com olhos solitários
a vida se abrir na totalidade
da arte em estrada infinita.
O poema ficou vivo
na liberdade,
o poema está vivo
na saudade,
o poema liquida a poesia
no verso da estrofe
derramada como choro
de porre numa noite
esquecida.
A liberdade do poeta
é o vinho que corre
de suas canções
na pena incessante
do tempo eterno
que vai e vem
como soluço de pecado
que honra o mundo
com frio e calor
de um corpo desesperado
por amor.
09/09/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
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