Eu esperei, na noite calma,
a tua voz.
Entrei, desesperado, pela porta
fora de hora,
atrasado.
Conversei com o porteiro,
vi que o dia azul
tinha passado,
uma chuva de cartas de amor
sem destinatários
invadiu aquele
ambiente
de azul-miasma.
Notei, na minha pasta,
anotações de que não
me lembrava,
poemas de jovem sem dor,
poemas sem fim
na cauda de um
cometa.
O verso ainda pálido,
inconsistente,
cheio de fissuras
e nuances
distorcidas,
o poema era esguio
e afobado.
Olhei os desenhos
que pareciam grafites
num lusco-fusco.
Vi, de relance,
ao fechar a pasta
com os cadernos
velhos,
mulheres de biquíni,
e eu, novo ainda,
porém velho de alma,
numa esperança vadia
vazia que valeria
três noites
ou uma visita
ao hospício.
Eu enlouqueci de tesão,
o poema-saia não saía
de minha cabeça.
Me enfurnei no caos
do meu quarto,
e como um jovem imberbe
perdi três horas
numa vigília
de pornografia alemã,
com meus relógios
invertidos
na sala de espera
da solidão,
e a vida sacrificada
em nome de nada.
27/06/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
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