O mar estava na miragem
da dália afogada,
o socorro da nau semeava
olhos de tâmara
na onda vermelha
dos rubis apaixonados.
A praia murmurava sonho
de areia branca,
pálidas baleias
ecoavam
no cio
o ventre marítimo
dos ares fulminantes.
As sereias do mar envoltas
em suas escamas,
trazem flores náuticas
do sonho violáceo.
Urtigas no outro convés
sonham os corsários.
Vejo sempre-vivas na escansão
e no ritmo dos aquíferos,
refletem no espelho d`água
o frêmito do acaso.
Rouxinol do vento
sopra no astrolábio
das estrelas sondadas,
eu via o brilho delas.
Barcos na nuvem recostados,
poesia do vitral
nos nenúfares
dos sonhos vítreos,
vejam com calma plácida
a canção feérica
de suas vozes
ritmadas.
A flor d`alma anuncia
luz na copa densa
de uma madeira
vigorosa,
lenho de mil anos
na ronda de seus
exploradores,
grito da queda
ao vício da floresta.
O mar estava denso,
partia-se o coração
da alma ao lado
da finitude,
os corpos se intercalavam
na sinfonia
dos horizontes,
uma paz angélica
se fazia
no silêncio
da salvação.
O encanto das formas
em música de câmara
ressoava no labirinto
das almas,
a canção dos violeiros
refulgia nas dores
da serenata,
uma sombra fugia
de pavor
dos amores cantados
pelo acorde choroso
dos cantores,
e a dor de poesia
se libertava
no caos da orgia
de sons
nos tambores.
A poesia efusiva
da vitória sobre
a morte
felicitava
os enamorados
na senda criada
pelos artistas
na noite que mirava
às gaivotas
do mar
escuro.
Uma selva romântica
para a emoção
dos menestréis,
roncava na sala
a tuba maestra
tão rejeitada,
os detratores se calaram
sob a pena capital
da fúria divina,
os cantores se apaixonavam
pela nova poesia
que saltava da veia
inspirada.
A última nota da farsa
media o silêncio
vertiginoso
dos olhares
tortos,
poeta era selva
de calor
nas pontadas
do amor
selvagem,
não era ilusão
e nem miragem,
era um soco na cara
dos parvos
que tramavam
o desatino,
era a arte bruta
dando um salto mortal
nos rumores vigiados
pela malta divorciada
da negação.
Os senões foram amordaçados
em canções extasiantes,
as fontes inegáveis
do corpo
jorravam
na virtude
a liberdade
sem fim
dos olhos
da eternidade,
uma flor de saudade
edulcorava
a canção
da fada
que delirava
encantada
com tanta emoção.
O desejo amortecia
a queda da morte
pelo infinito que rugia
feito fera
na dor revirada
do poeta
e sua pena.
27/06/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
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