"Sendo necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de possuir e usar armas não poderá ser impedido."
(Segunda Emenda da Constituição dos EUA)
Começo este artigo pela ordem de fatores estabelecida no título, portanto, começo falando do Bullying, quem nunca o cometeu ou sofreu que atire a primeira pedra. Bom, o Bullying, na maior parte dos casos, parte da agressão dos mais fortes e populares sobre os mais fracos e tímidos. Esse é um princípio que nutre a covardia de muitos contra poucos. Ou seja, o Bullying, normalmente, é o mais forte contra o mais fraco, a maioria contra a minoria, é sempre uma relação de forças desigual e é por esta mesma desigualdade que se perpetua e se retroalimenta.
Aí vêm questões sobre preconceitos, covardias diversas, maldade humana, necessidade de autoafirmação pelo constrangimento alheio, falta de compaixão pelo próximo, dentre várias outras chaves de compreensão do fenômeno Bullying. O certo é que agora isto vem à tona, mas isto já existe há um tempo, não sei quanto, pois perguntei sobre isso à minha avó e ela disse que no seu tempo de juventude e infância isso não existia. Será então que estamos falando de um fenômeno contemporâneo? Desde o tempo dos filmes americanos de “nerds” sendo humilhados por “populares”? Bom, se minha avó nunca sofreu ou viu Bullying no seu tempo, é que isso é algo talvez novo, um efeito de distorções sobre a intolerância com o diferente, já que odiamos o diferente.
Portanto, uma ótima chave de reflexão sobre o Bullying pode nascer deste ódio ao diferente, coisa que pode ser bem caracterizada em preconceitos contra negros, gordos, homossexuais ou virgens, tem pra todo gosto. Então o Bullying nasce do preconceito? E o preconceito, é justamente o ódio ao diferente? Bingo! Então temos uma exacerbação de conflitos sociais que emerge na palavra Bullying com força jamais vista e que se consubstancia na internet com o famigerado Cyberbullying, que não é nada mais que a humilhação dos “nerds” por uma máscara anônima de um avatar fake que “trolla” suas vítimas impunemente, uma bela sacada para um covarde que some na nuvem do ciberespaço, bem legal.
E para identificar a raiz do Bullying ela é nada mais que o preconceito que tira proveito do que é vulnerável, o Bullying se alimenta da fraqueza, o Bullying é a covardia que sabe que é uma ação sem reação. Bom, este é o princípio, pois quando se tem a reação ela pode ser trágica, como no caso do perturbado Wellington do massacre de Realengo, que, pelo visto, sofreu Bullying, erro de outros que não justifica esse massacre. Só uma pessoa tão louca como o Wellington para dizer que ele é vítima das circunstâncias, pois não se trata de um coitado que sofreu Bullying no passado, mas de um assassino cruel do presente e que perdeu seu futuro ao matar e morrer a troco de nada, talvez em nome de um delírio de pureza religiosa que só existia em sua cabeça perturbada.
Então, vendo isso tudo nos últimos dias, Wellington não é vítima, é algoz, não merece pena, mas sim condenação, se todos os que sofrem preconceito ou Bullying fizessem o que ele fez, não sobraria mais escolas em lugar algum, pois é na escola o lugar em que a crueldade do Bullying deve ser combatida e isso só pode ser feito com a famigerada palavra “conscientização”, que é nada mais que incutir sentimentos de compaixão que são a única via para escapar da loucura deste mundo.
O caso Wellington pode ter se inspirado em ideias distorcidas da realidade via fundamentalismo religioso misturado com “espelhos” como os garotos de Columbine e junto com isso misture insanidade e isolamento sociopata e temos um assassino cruel que consuma o seu ato e se torna célebre em toda a mídia. Pronto, está feita a receita do “sucesso” de Wellington, ele conseguiu o que queria, e nós não podemos fazer nada. E agora não adianta o Sarney querer um novo referendo ou plebiscito, já que no referendo de 2005 a população brasileira foi bem clara ao votar não à proibição de venda de armas de fogo, o que quer dizer que cidadãos devem se defender de criminosos independente da proteção do Estado que é insuficiente. Wellington é um caso psiquiátrico e criminológico, mas não é por causa dele que deve haver uma nova votação como quer Sarney, temos é que contar os mortos e incentivar o desarmamento com indenizações a quem se desarma, esse é o único caminho sensato e nada de sensacionalismo midiático, já cansamos de ver a cara do Wellington nos jornais.
16/04/2011 Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Quem sou eu?
Há uma semana
Comentar um texto inteligente como o seu, pode haver algumas diveregencias. Concordo plenamente na maior parte, porém, creio sim, que se deve proibir armas. Sempre troxeram perigo, imprudencia, descuido, enfim, acredito em armas nas mãos de policiais corretos, não em casas de pessoas de bem, onde crianças podem ter acesso. Bandidos vão sempre estar armados, quer se proiba ou não, infelizmente, e se for para se defender, sem saber usá-la, não vai levar a nada. Ótimo texto, parabéns. Abraços
ResponderExcluirOi Gi, concordo que se deveria proibir armas, mas já houve a chance da população se manifestar sobre isso em 2005 e o voto da maioria foi não, o que o Sarney fez foi oportunismo político, só isso.
ResponderExcluir