Muita sede surge
na febre deste vitral
com o santuário gélido
de meu ícone pétreo,
a pintura está velha,
tem uma infiltração
que cobre o rosto da santa,
o milagre está fosco,
um cinza de mofo
avança sobre o éden,
corre a lágrima furtiva
na oração surrada
de minha salvação,
eu olhei o sol
na cúpula, e o minarete
desaba com uma viga
sobre a cabeça
de um capuchinho
que ali passava,
seu crânio abre e racha,
eu olhei de soslaio
para um escapulário
e delirei que a Bíblia
sobre o púlpito
queimava, a pintura,
neste ínterim, caiu da
parede e o ícone tremeu,
o vasto vitral começou
a brilhar, era o alvorecer
e o padre acordou,
a minha oração
agora virava uma
ladainha, a procissão
de beatas entra
e começa a entoar
cânticos populares,
o meu rosto fica
encharcado de
água benta,
e a hóstia
é servida
qual
a última
ceia.
09/10/2021 Gustavo Bastos
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