Ave, entre as rezas montanhosas
eu pintava de vermelho as rosas
coloquiais dos poemas bonitos,
já na rua, com os notívagos
que entram e saem,
o número de loteria me indicava
o prêmio qual utopia,
um canto de ébrios soava
o alarme, era hora de eu
pegar o meu arpão,
ir atrás de um marlin azul
que seria o poeta azul
que virou abóbora
depois do naufrágio,
ah, este estro de parnaso
e suas afetações de mármore,
este putos romantiloides
e seus mimos aguados,
ah, que porre vou
tomar à meia-noite,
e ser eu o ébrio de bruma
em pele de cobra e couro
de réptil, qual um grande
frêmito de sangue frio
e precisão de cirurgião,
eu e meu estilete,
cortando os corações
de seus exangues delírios
de plêiades,
eu, a marretar os mármores
de parnaso e seus castelos
de marfim e frisos castiços,
eu, o borra-botas
que virou falcão,
o déspota com o olho de águia
que captura um verso
no mar e o leva
à terra dos desolados
e dos capitães que
perderam seus navios.
31/12/2019 Gustavo Bastos
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