Me convenço que estas notas febris
são paixonites mórbidas,
um telefone telepático
mordisca a nuvem da ideia,
quando ando em fuga
meus miasmas somem
comigo,
ah, que a luta e a lida não me
deformem a forma poética,
pois um canto oscila
e faz melismas
no ócio,
seu trinado depende
também da preguiça,
ah, este canto,
esta música sentimental!
Oh, que quanto mais eu somo
meus poeminhas,
estes saltam do asco
e se perfilam
como um exército
brancaleone
de versos
aparvalhados,
como uma sinfonia
de mambembes,
oh poemas bonitos
e burilados eu tenho!
Que mais queime tudo,
o corpo, a alma, o espírito,
as ideias e as ações,
que queime a literatura,
que queime os olhos e a boca
estes poemas crédulos
e semeiem novos mundos
de fábula e ardor,
ah, me dê esta cara de medusa
no campo lutuoso
dos orbes macabros,
touro indômito
que deixa a chaga
em seu oponente,
o poema luta com força
e fibra motora
seus elencos de um
parque industrial,
de uma usina louca
de som e fúria,
este poeta canta seu canto
de zênite e nadir,
com sua história
mesmerizada
em pranto e riso
de um viver
em desassombro.
14/04/2018 Gustavo Bastos
A Hora das Fornalhas
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