PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A DANÇA BÊBADA COM OS PÉS

Como um sopro de chama no domingo,
não queiras ver o rosto disforme
do poema bêbado.

Para este ser condoído em si
como um caracol,
para o idílio marcado
do relógio sem tempo,
para o corpo em moldura
da festa petrificada.

Para a porta, uma entrada,
e os pés na dança!

Para a janela, um pulo suicida,
e os pés na dança!

Como navega este calmo dia,
por toda nuvem conquistada
de poesia,
e o toque das mãos
nas letras moídas ...

Como um sopro chamo ao domingo,
rupestre caverna, idílio chuvoso,
sol desmaiado com trovão,
a casa pacífica,
e os pés na dança!

Por cada charco de lama,
o lodaçal de chuva,
o canto de bruma,
e os pés na dança!

Neste idílio de domingo,
os pés descalços,
as sandálias no alpendre,
uma árvore de tamareira
na costa brava
diante do mar,

as amendoeiras em seus sóis,
o sal do mar bravoso
como urro,
e os pés na dança!

Ah, este que corre é o corpo
com os pés delicados,
este corpo que dança!

15/04/2016 Gustavo Bastos

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