Toda luz recorta a parede
destas visões.
A que ter o crédito todo
aos curtas-metragens
dos sentimentos penosos,
pois eu acordo de meu
coração absorto, tonto,
deliciado.
A que tantas horas a noite
fumaça do meu peito
tonteia feito serpente
no fogo de fênix,
o fabuloso Esopo
com notas de falsários
numa peça de estelionatários.
Meu salário corrobora
com todos os meus delírios,
compro a prazo e à vista
todas estas visões,
oh, é de cortar os pulsos
todo o desejo acachapante
de ter a queda por abismo.
Eu, tantas vezes reles e vil,
o mais forjado para a
vilania, dourei a pílula
no meu golpe de Estado,
eu, que tenho sido ridículo
ao mais pastelão morto
semi-morto,
sob os mantos diáfanos
dos segredos de polichinelo,
com as sandálias de vento
de Rimbaud como se fosse
eu ao ser brutalmente
esquartejado na Abissínia,
e eu que estou em Nova York
e Déli, em fogos de artifício
no relógio de Londres,
com a cabeça voando no Tibete
por uma mandala de LSD,
tive estas visões
com os meus parcos
dólares de papelão.
04/11/2015 Gustavo Bastos
A Hora das Fornalhas
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