Esse véu que
encontra o tempo maquinal, espectro que inunda a tela, vaudeville que me
entranha os passos. O palco que encontra o véu sísmico enovela tantra
espasmódico com as letras de fogo de poetas. Mesmer contorna a figura do ópio
com a linha, sete linhas nodais, um Exú que oferta a paixão com prisma doloroso
de glória e razão. Sopro sofisticado que irrompe com as náiades pelas igrejas
tortas e queimadas, eu tenho que cerzir meu manto com azul turquesa, como o
monge sacrificado em totem na mais áurea época de ouro.
Diante de tua
imagem, ó Sebastião! Que me dá a cor funda do horizonte, plúmbeo crepúsculo que
volta e volteia com naus soberbas de canto atmosférico. Diante de teu manto, ó
Sebastião! O sol pulsa por todas as veias e artérias, vinho de rubro calor,
enfadado o astral absorto e depressivo, alegre a tempestade com sinos no átrio
de relaxamentos em yoga. As pernas se esticam e o cerzir das mãos fazem novelo
com poemas que inunda a tela, vértice, vórtices, manto sacro que viraliza a
festa.
Canto de sol na
nuvem, ó Sebastião! Nem todas as filosofias podem estourar, e a velha
enormidade explode, os cântaros eu dedico às águas de Jordão ritmado em Ganges
e Indo. Na veia mercurial soçobra a pena mais delicada que espanca, de todos
estes sonhos eu guardo o mel pois sinto isto. Na veia mais denodada perfura o
meu ventre o vinho fremente das cores de nuvem, dos sabores de sol.
Dom é querido por
toda a era, aquariana maré vertigem de calafrios, os denodados campos fustigam
a seca, a chuva cai em pranto por todo o lodaçal, o poema convida ao susto, das
cores fundas da tela inunda a sensação um fogo de abismo, com as cores de
veraneio as águas e sopros enchem os poros de ilusão e fortuna, ó Sebastião!
As notas de dissonâncias
caem aos pedais, um ritmo de céu prega à cruz tuas dores, ó Sebastião! Recreio
de poeta é assim fundante de miasmas sonhadores, e meu karma fica mais leve com
o bater das asas sob a fogueira da meia-noite, com um sol de meio-dia no peito
a gritar. Seus dons, ó Sebastião, me dão a visão da eternidade! Veia pulsa
nunca morta, pois teus dons são imortais, flor do universo!
O karma é nódoa e
fortuna na mesma encarnação, tua alma, Dom Sebastião, funda a minha onda em mar
de turquesa, revira meus álamos e engole-vento e a safira que batiza todo o
caminho como numa velha estrada de horizonte nu, e teus corpos nus, e teus
címbalos crus, e teus sonhos mais que futuros, ó Sebastião da anarquia e da
justiça!
Na rua de passos
largos se elenca a morte com grito de rito, e o sacrifício desta alma devota
contorce o miasma de que o mundo rumoreja com todas as dores a amores do mundo,
meu Dom Sebastião!
O mar, e a carta de
náufrago trazem notícias do novo mundo, a era de ouro perdida em notas
distantes, um vinho de aurora que espanca a luz na onda de imortais como tu
sonhara, meu Dom Sebastião! E o vinho por fundo mosto é sacro com espanto de
teus delírios, meu santo Sebastião!
O canto do sol enumera
as virtudes cardeais e vigora teu delírio de poeta:
Canto solar revigora
toda dor,
Espanto de minha filosofia,
Manto barroco de antanho
Com os dias mais felizes
Do poema que é sopro,
A mão do vento grita
Em tambores o vendaval,
E a flor do dom passa na flora
Ressuscitada, a flor da nau
De uma carta perdida
Busca temperança em meio
Do caos de estrelas decaídas,
A asa que me carrega é o dom
Na pura nuvem de um vinho
Sacro de mosto aos pés da vindima.
Sacro és, Sebastião,
teu manto me cobre como profeta de tuas brumas, passo ao largo do espanto pois
já sei de tua essência de mar, anda ao mar e vê visionário, tua febre é o
delírio que o poema traduz como um soco. Nas mãos da Filosofia mora a alma
animada de euforia, eudaimonia, e a similitude de uma ilha de frio busca um
calor de que o espírito já em sua presciência concebe como o fogo inaugural de
Heráclito, e os elementos empedoclianos se metamorfoseiam em mística, a febre da
alma enumera as virtudes e seus dons, pobre Sebastião, pois a guitarra sopra
meus versos como o vento que leva tudo ao destino sem fim de tua eternidade.
O canto de nuvem é
rápido:
Flutua a dor, cai o abismo
Que somos, o destino
É um dom, a pena é
O sopro de Dom Sebastião,
O mais astuto do mar,
E as nuvens refletem o sol
No arrebol de minha unyo mística
Que em tudo é UM e todos.
Breve morada das moradas eternas,
O poema é nota reflexa de nirvana.
Dom Sebastião, tua flecha vai ao coração.
28/08/2015 Gustavo Bastos
Nenhum comentário:
Postar um comentário