Canta em teu cântaro a dor vertida,
úmido o pacato rito de odores sem fim,
cobre o sal na paz do mar,
vem como livro de pecado
em horas de tuas salgadas
vagas de memória,
urdiu o cadafalso com mão atenta
no trabalho burilado dos ventos,
a natureza cordial dos címbalos,
os ouvidos e o olhar desperto,
eu vejo a clara noite do dia nascer.
Canta em espanto o meu pranto,
com a certeza da vida mutilada,
com a vida refeita de dor escavada.
Lembro das sombras enterradas
como arqueologia da memória,
na sua geologia os fantasmas sorriem
já remotos de uma outra estrada,
de uma margem à outra
do velho rio da consciência
a ilusão de maya
nos ensina
a compaixão incerta
de corações congelados.
O poema canta como se funda
em canto lírico
ou grito de horror.
A gota de lágrima da saudade
se encanta de flor
com a febre imortal
de um jardim
no paraíso perdido
das fadas imaginárias,
o canto é doce
e o regaço calmo.
06/02/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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