Naufrágio do convés
pelas cimitarras
das invasões
do campo rico.
As naves vingam
as pedras,
as pedras vingam
os mares,
os mares vingam
os poetas.
Eu vivi na morte
como na vida ferida,
eu vivi na cidade
com toda a infinitude
em meus olhos,
eu sonhei com a alegria
na catedral das almas
bondosas,
eu caí e desmaiei
no vício das horas
de ócio,
e vi com o meu corpo falso
a minha memória
na centelha divina
da dadivosa chama
que chorava
as rosas e as orquídeas
do jardim que era
vivo.
Pelas estradas eternas
caminhei sem dó
dos vigiadores
do caos,
sem olhar a iminência
do fim no palco da dor,
sem rimar o amor farto
da nuvem que se dissipava
na eternidade
que sonhava
sem culpa,
eu acreditava na vigília
da alma rediviva
como temporal
que rugia
pelos ventos de desejo
pelos corpos,
ouvia o amor das formas
nas vozes da carne,
o amor informe
nas vozes da alma,
dizia meu coração
a saudade que sentia
do paraíso desmanchado
na maldade,
a saudade das plácidas
orações na saudade
das canções,
a saudade do coração
que explodia no grito
da redenção.
10/07/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
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