“Querem tesourar o meu direito de fumar.” (Ratos de Porão)
Os tempos de hoje “o contemporâneo” são bem complexos, mas o mundo sempre foi complexo, tudo é contraditório, doloroso, amável e talvez nada seja tão fácil de entender. As regras sempre existiram desde que o mundo é mundo, isto é, desde que se iniciou o chamado processo “civilizatório” (?). Interroga-se então: de onde viemos, quem somos e para onde vamos. (?)
A moda que temos hoje, então, num surto de processo civilizatório da civilização para torná-la enfim civilizada (?) a palavra de ordem: O Estado-babá. Mas quem somos nós cidadãos para questionar? Não temos a autonomia moral? ou a lei moral? Ou as regras de etiqueta da conduta nos condena aos ditames e regras postas de fora dentro de nós? A moral e a liberdade, estão aí duas palavras complexas. Mas a tese do Estado-babá não é tanto moral, é mais cura de nossa autonomia crônica, regras de comportamento para coibir o nosso ímpeto autodestrutivo, a nossa vida não nos pertence, somos cidadãos da pólis, e a pólis hoje como Estado legisla, mas cabe a pergunta: Legisla a nosso favor? Legisla para quem? Para quê? Não podemos fumar em locais de convívio fechado, OK. Mas, não seria afronta fotos de bebês mortos ou de corações infartados na embalagem de cigarros? Correto é dizer que é questão de saúde pública, de que isto acarreta em prejuízos ao erário público etc. Se for assim, concordo também em proibirem a propaganda massiva de bebidas alcoólicas na TV, isso eu gostaria muito de ver, o fim das propagandas de cervejaria na TV, o fim destas propagandas que cada vez mais desafiam a “inteligência” do espectador. (no sentido negativo, por óbvio).
Mas o que custa neste conceito de Estado-babá é o exagero, a interferência minimalista que tem a pretensão de conter e coordenar todos os gestos, numa febre de regras que vão ao infinitesimal, numa nova engenharia para corrigir a nossa irresponsabilidade. Tudo bem lei seca, tudo bem. Não queremos mais assassinos aos volantes. Mas, pelas vias do exagero daqui a um tempo terão agentes com tesouras pelas ruas para cortar nossos cigarros enquanto fumamos porque somos idiotas que não sabem que isto faz mal à saúde. (Você fumante, já reparou que nos últimos tempos não se pode acender e fumar um cigarro em paz que sempre aparece um imbecil dizendo: “Para com isso, faz mal, dá câncer etc, etc. ?) Porra, dá dó de ver. Parece que somos crianças que não têm consciência do perigo, mas a este imbecil que aparece sempre que acabamos de acender um cigarro, dá vontade de dar uma baforada de Derby vermelho na cara dessas figuras. Quem sabe assim eles param de encher o nosso saco. Tá ficando que nem fumar maconha, temos que fazer planos mirabolantes, engenharias complexas, táticas de guerra, barricadas etc., só para dar umas tragadinhas em paz!
Uma outra faceta do “contemporâneo” é o “politicamente correto”. Esta é uma outra face da moeda do mesmo ímpeto que move o Estado-babá. Claro que a ofensa preconceituosa que vemos hoje em alguns shows de comédia é algo que deve ser sempre questionado, se há racismo ou homofobia devemos colocar algumas sanções sim. Mas não podemos usar a palavra “viado” porque sempre vem alguém nos acusar de homofóbicos, mais uma vez temos que mediar o exagero de ambos os lados. Nem tanto às ofensas agressivas dos shows de comédia atuais (vide os shows denominados de “proibidão”) mas nem tanto também, de outro lado, a patrulha do politicamente correto que quer até controlar a linguagem na sua expressão. Pois aí ficamos com receio de estarmos sendo preconceituosos ao usar expressões lato sensu como bichinha etc. O Costinha, humorista já falecido, poderia hoje estar sendo processado por suas piadas sobre elas, as bichinhas? Podemos usar a palavra negro como usamos a palavra branco? Podemos falar sem nos policiarmos tanto? O que deve ser levado em conta é se estamos sendo agressivos ou apenas retratando questões do certo e do errado. Temos sim que conter o exagero desses shows de comédia (os standup comedy, vejam no youtube o Roberto Justus, descendente de judeus, detonando o Danilo Gentili por ele ter feito uma piada ofensiva sobre judeus no caso do metrô de SP em que ele lembrou dos trens que levavam os judeus para a solução final nazista). E, de outro lado, evitar o patrulhamento todas as vezes que usamos palavras caricatas que não têm a ofensa como motor. Nem o politicamente correto como legislação suprema e nem a anarquia agressiva e desmedida dos stand-ups proibidões. O meio, sim, o caminho do meio, nada mais.
E agora, para terminar esta minha lenga-lenga de pseudo-filosofia, e as mulheres frutas, hein? É a era do centauro. Prefiro as mulheres femininas, delicadas, “não-turbinadas”, já temos uma fauna e flora hortifruti-granjeira, mulheres galinha, garanhões que se julgam máquinas de sexo, jaca-mole, melancia, morango, etc. Temos uma estética industrial, as mulheres-bomba são o novo padrão que vão dar fim às mulheres femininas e teremos no futuro mulheres com pele de silicone, e homens-bomba numa “onda” que eu acho muito estranha, bicho. As fêmeas serão extintas e teremos máquinas de seios fartos e nádegas esfregando na nossa cara a indústria do sexo, a pornografia, a masturbação movendo a economia das vaidades ocas de um tempo vazio de homens e mulheres normais, de homens gentis e de mulheres femininas, teremos cada vez mais aquelas cenas patéticas de boates com homens fortões puxando siliconadas pelo cabelo como se tivéssemos regredido às eras em que vivíamos em cavernas, só falta agora o tacape para estes machões, e viva a fartura artificial da geleia geral!
13/06/2012 Pensamentos Livres
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