PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

URDIDA POESIA

A sombra do poema encanta
tanto quanto a luz que
nele habita.

Um espelho reflete esta luz
e dissipa a sombra que
nele havia.

O poema, incorruto, inflado,
malfadado e benquisto,
dá de si o pensamento
nele ritmado.

Quando o sol se esquece
de seu centro de fogo,
o poeta nele vê
um possível alento
depois do relento
da noite.

A queda em labor fustigado,
com o peso sobre o ombro
alquebrado,
da vã ilusão consegue
o socorro do próprio
sangue, exangue.

O poeta liquida os seus versos
num único gesto desesperado.
Ali havia a vida em sentido lato,
uma coisa incalculável.

E diante de tal heráldica
superabundante,
antevia no espaço da estrofe
um grito de poema vasto,
qual a sua figura de poeta
no alto do seu pecado.

A vida incontida na vastidão
planava sobre a relva
do descampado,
sua visão de sonho
era uma lembrança
ditosa
no silêncio sinuoso
da semeadura.

De várias matizes o introito
se estendia até o ato fatal.

Uma mesma canção
desanuviava
cada lado
da mandala.

O poema ali se anunciava,
qual farol de langor
numa premonição
da poesia
sem exaurir
toda a vigorosa
honra daqueles versos.

11/04/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)

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