Morre-se sim, de falta de amor.
Os queridos corações aos pulos
vão aos poucos por aí.
Numa cidade perfeita não haveria
tempo para esquecer
dos que não praguejam.
Eu li uma carta de um antepassado
e não sei se um dia
eu estava lá,
e no futuro estará
meu corpo um dia.
Vi a alma decantada em canções
de um sândalo de capricórnio,
prometi que nunca sumiria
de um gesto de compaixão.
Sou a vinha no régio calor
das saudades.
Sou a verdade do filho que
não nasceu,
sou semente esperando
sol e chuva,
vim de outras galáxias
para ver o caos e a fome,
nos dias que se passaram
um desses espíritos sombrios
derreteu aos olhos do céu,
a morte não se vingou ainda.
Quando acordei de meu sonho
ao meio-dia
vi que na cruz
uma selva de gritos
não virou-se contra
os meus erros,
Na silente dor dos odores,
quantas mágoas eu colhi?
Quantos sentidos?
Quantos amores?
Quantas ausências?
Vai o pendor do pecador
pela sala vazia,
pelos olhos vazios,
pelo coração oprimido.
Venha logo, sublime poesia!
Me faça sorrir outra vez
do que me escapa,
me faça chorar de alegria
na hora em que for
abençoado.
Outra vez o caminho se abrirá
na ternura do verso
que aqui derrama
como água de banhar,
a vida é o mistério
da vida.
22/02/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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