PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

OS HERÓIS ANTISSOCIAIS

Caí em minha dimensão única de plenitudes e desvarios. Ouvindo “Fire” de Jimi Hendrix, um ser de cocaína pura, noite do vagar estrelado que irrita o jovem poeta com suas memórias etílicas. O flagrante o levou embora para uma esfera restante da paixão.

Oras, que horas são? O tempo desta prosa me faz cantar inutilmente para a mulher que passa e me ignora, eu sou o torpor da noite casta de sexo, farândola, faca, tesoura, copo, garrafa, relógio, objetos fúnebres sobre a minha tumba, um drink para comemorar a messe que vos deixo em meus escritos, são sinceros, sinceros e ridículos, são trevas de luz e um paradoxo flutuante.

Me lembro das tramas de Hitchcock que me envolveram de forma brutal tal como um conto de Poe. Eu li a vida de escritores e loucos, todos morreram de overdose, todos morreram por excesso de vida!

E quando estarei entre eles, no céu dos músicos? Lá onde as drogas são romantizadas com perfumes de flores e devaneio carnal? Não vou ficar aqui neste mundo sem uma vida extraordinária, não vou ficar com o terrível sonho do jardim, nem com a vã inspiração de um matadouro de santos.

Eu entendo Kurt Cobain, entendo Sid Vicious, adoro o rock`n`roll de nuas canções, sou adepto das viagens psicodélicas, sou uma floresta de arroubos e rompantes de imaturidade fatal.

Quando vejo o lugar ideal, este está no paradeiro enigmático e triste de Syd Barrett, o louco elegante. O lugar ideal é Pompéia, escutando Pink Floyd e lendo Jack Kerouac, depois me vem a insanidade de Burroughs e suas seringas, um tempo de cólera acorda com os niilistas da corja de punks sujos e bêbados brigando com skinheads anátemas.


Eu acordo do sonho dos hippies, lá estavam os doidões do Grateful Dead, vem agora o tempo me dizer que todos eles morreram, a nostalgia pode ser curada com um pouco de inalantes, a vida é uma dança macabra, e os sonhos de poeta são a passada desta dança em forma de palavras, palavras que não dizem nada de importante, mas que são palavras que harmonizam com a existência. Hoje acordei meio grunge, quero ouvir um Alice In Chains e pensar na morte da heroína, venho aqui lembrar dos heróis antissociais, estes marginais que foram devorados pelo mainstream como grandes estandartes do “born to be wild”, todos os que morreram com 27 anos, da maldição de serem atemporais, tenho no sangue o desejo destes sonhos, mas já passei pelo perigo, e agora estou são dentre os restos dos adoradores do Diabo. Tudo é passado selvagem, e a vida então vive do agora como a embriaguez da poesia, vestimenta dos revolucionários, tempo dos temerários, vida dos desregrados, sentido da arte, caos do sentimento, a intensa alma que ilumina o mundo, um dia de liberdade em Woodstock, nada mais.



12/09/2010 Gustavo Bastos

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