Torna a resina ao cachimbo,
sonha onírico o trovador,
como um animal bojudo
que contempla o verde.
Destarte, o hino da rima
cai ardente na folhagem,
uma latifoliada canção
de bruma borboleta
besouro cricrilar na noite
zunidos coaxares etc.
Vamos lá, dizia seu amigo
prensando na cabeça oca
um chapéu coco e trazia
em seu saco um cavalete
em que pintava pássaros
e toda sorte de sol e lua
e estrelas embaçadas
de chuva, pontilhado,
seja aquarela ou tinta
a óleo refeita e aguada.
Se juntavam a uma malta
indígena para tomar banho
de rio e ao fim da tarde
tomar picadas na cabeça
de muriçoca.
Desta malta a tribo ainda
ficava distante, eles nem
tinham tomado mingau,
nem papa, nem bebida
na cuia.
Eles pintavam
o sete na caça da capivara
com escopeta e garrucha,
feito piolhos na floresta
em que se transbordava
a poesia perdida
dos trópicos, dos
corpos bronzeados
pelo fogo do meio-dia.
22/09/2023 Gustavo Bastos
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