Batuta do jogral, faz do templo
sua arte, monta a peça matreira,
os personagens são caracteres
da mais sacal vilania de sketches,
o poema faz de conta,
pinta psicodelia,
viaja, voa,
delira,
um idiota pode ler
cada verso com
um riso aparvalhado,
os idiotas gostam
de ver Deus e diabos
em tudo e por toda parte,
os delírios dos navegantes
são os diletos pelos poetas,
numa noite de santelmo,
em que o mastro
fagulha no marulho,
e o convés come
carne podre,
sim, o idiota pode ler
tudo e não entender
nada, o seu nadir
é uma visão chapada,
como um parvo beatífico
antes de sua convulsão,
aos idiotas os versos
soam como enigmas,
um hieróglifo
de língua hierática,
cheia de mistério.
05/10/2022 Gustavo Bastos
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