Enterrem o coração do poeta
no fundo do vale do Nilo,
cada cascata enumera
seus feitos, eu vi no lagar
uma flor nascer no Deserto
da Líbia, os mercenários
do Mali nada sabiam,
pois em Bamako houve
uma invasão dos nigerianos
do Boko Haram, o dervixe,
no misticismo islâmico,
dava os nomes de Deus
mais que um hebreu enlouquecido
com seu aleph, sim,
os nomes sucessivos
de Jeaveh são impressionantes,
e o poeta lhes anunciava
antes de ter seu coração
enterrado, lá, no vale
do Nilo, um cachorro bravo
cavou e viu a ossada
de um sarcófago, Amenóphis
ressuscitava qual Osíris,
e Anúbis esbravejava,
quando Bek desceu
aos ínferos no véu de Ísis
que delirava em seu oráculo,
desenterraram o coração
do poeta e serviram a iguaria
para a boca do cachorro.
30/10/2020 Gustavo Bastos
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