“O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) a principal causa de morte evitável no mundo”
O cigarro tem uma História longa, que começa na América, mais
exatamente no uso medicinal e cerimonial do tabaco por indígenas da América
Central, fazendo parte de rituais religiosos e mágicos. Uso que era feito já
por volta do ano 1.000 a.C., com a planta do tabaco que tem origem nas
Américas, e que recebe o nome científico de “Nicotiana tabacum”, tendo como um
de seus principais componentes a nicotina.
Na mesma época em que Cristóvão Colombo chega à América no
século XV, vendo o hábito de fumar o tabaco enrolado que os indígenas faziam,
veio o navegador Rodrigo de Xerxes, que experimentou o hábito indígena e
resolveu levar folhas de tabaco para a Europa, local em que a folha foi usada
já no século XVI sob a forma de charutos, e restrito aos mais ricos. Os pobres,
por sua vez, mais exatamente os mendigos de Sevilha, na Espanha, deram origem
ao cigarro, pois tiveram a ideia de picar os restos dos charutos que
encontravam nas ruas e enrolar num papel o tabaco picado para então fumar. Surgia,
portanto, o cigarro.
O cigarro só foi se tornar popular, no entanto, somente
quando no fim do século XIX, James Bonsack inventou a máquina de enrolar
cigarros, o que popularizou o hábito de fumar cigarros, e hoje, depois de sua
glamourização no cinema clássico pelo meio do século XX, temos agora a droga
que mais mata no mundo, com seu agente viciante que é a nicotina, que libera
dopamina e torna o cérebro da pessoa dependente, tendo irritabilidade na
abstinência da droga, pois sua falta libera noradrenalina, sendo o hábito de
fumar algo difícil de largar para algumas pessoas.
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) a principal causa de morte evitável no mundo. E, além da nicotina, que
causa a dependência, temos no cigarro a presença do alcatrão, agente
cancerígeno, e do monóxido de carbono, que obstrui os vasos sanguíneos com a
aterosclerose. Além do câncer, o cigarro causa envelhecimento precoce, pele
seca, aparecimento de rugas e queda de cabelo. Sendo o tabagismo responsável
por grande parte das mortes por câncer de boca, de pulmão, doenças cardíacas, podendo
causar infarto, mortes por bronquite, enfisema pulmonar e por derrame cerebral,
com o tabaco, para os homens, sendo o responsável por impotência sexual e
infertilidade.
O ato de parar de fumar pode incluir adesivos ou chicletes de
nicotina, auxílio psicológico, beber água, práticas esportivas, e remédios como
a Bupropiona, que foi concebida como um medicamento para tratar a depressão,
mas que se percebeu que também diminuía a vontade fumar, sendo atualmente
receitado para quem quer parar de fumar e não consegue por outros meios, sendo
que também temos a Vareniclina, medicamento este que foi concebido diretamente
para o tratamento do tabagismo, que age no sistema nervoso central, pois
diminui a síndrome de abstinência. Temos
também vias alternativas de tratamento da dependência do cigarro como são a
acupuntura, e os remédios naturais, como os florais. Não é fácil, pois como
disse uma vez Winston Churchill : “Parar de fumar é fácil. Já parei mais de
vinte vezes.”.
Hoje temos o primeiro país que proibiu o consumo de cigarros
no mundo, que foi o Butão, e políticas de cerceamento do consumo, sendo que
aqui no Brasil já não temos mais veiculação de anúncios televisivos, rádio e
jornais vendendo cigarros. E me lembro do Free, questão de bom senso, dos
anúncios esportivos do Hollywood, e dos caubóis do Marlboro, mortos por doença
pulmonar, e tínhamos também festivais musicais patrocinados ou com a marca de
um cigarro, como eram o Free Jazz e o Hollywood Rock, que foram proibidos.
Temos também hoje as zonas proibidas do fumo, como locais
comerciais fechados, aeroportos, aviões, sendo até um pouco bizarro quando me
lembro da minha infância no fim dos anos 80, viajando de Transbrasil, cujas
poltronas eram divididas entre fumantes e não-fumantes. As embalagens de
cigarro no Brasil agora deixaram a mensagem simples “fumar faz mal à saúde” e
partiram para fotografias no verso dos maços com imagens chocantes dos
malefícios reais do cigarro, incluída aí a morte, imagens que também cobrem por
todos os lados a publicidade que restou dos cigarros no Brasil. No entanto, se
fuma muito ainda na Europa, em países como a França e a Itália, com índice alto
na Grécia, também na Rússia, na América do Sul temos o Chile, e com taxas altas
também na Indonésia, e com Kiribati batendo o teto do mundo.
Os cigarros de bali, por sua vez, representam um perigo maior
do que o dos cigarros normais, e temos também fumantes de kretek, que são
cigarros de cravo, com índice muito maior de casos de câncer, além dos cigarros
de bali, tais como o gudang garam, vemos também por aí cigarros comuns com
sabor, que vêm, por exemplo, com uma bolinha de menta como o Lucky Strike da
embalagem preta, que é o chamado clickroll.
Na ala dos cigarros normais temos o chamado mata-ratos como o
Derby vermelho e mata-ratos caros como o Camel, de filtros amarelo e bem fortes
como o Marlboro vermelho, e cigarros mais light de filtro branco como o que eu
fumava antes de parar que era o Hollywood azul.
Sendo que o viciado tenta parar com pastilhas, adesivos,
negocia um varejinho na esquina com coca-cola como eu fazia, até que vi uns filmes
do Bruce Lee e consegui largar o vício sem auxílio médico ou com adesivos e
pastilhas, pois de nicorete já tinha gasto uma fortuna, com efeitos
passageiros, para depois voltar ao mito de Sísifo de parar e voltar à estaca
zero, sendo que agora estou há mais de duzentos dias limpo.
Mas, não estranhem, não virei o “chato do cigarro”, isto é,
aquele que quando vê alguém, sente o desejo irresistível de fazer a pergunta
clássica : “Fumando? Você sabia que isso faz mal?” ou ainda tentam lhe dar uma
ordem : “Larga isso!”, não, não virei o chato do cigarro, pois fumei e conheço
estes gênios da raça, só achei o assunto tabagismo interessante para uma
crônica, e independentemente de chatices óbvias que os fumantes enfrentam,
tanto os que não tentam largar o vício, como os que tentam, informação nunca é
um luxo, e ter informação é fundamental, assim incluído os cuidados da saúde,
pois o vício, fora os tratamentos todos, é uma daquelas coisas em que o sujeito
tem que escapar sozinho, por si mesmo. E sem me esquecer : Obrigado, Bruce Lee.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
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