No mármore e no granito
está o poema retilíneo,
participa em sua forma que se esculpe
tal um motor que ruge e brota
com cor graúda na fonte primeva
destes sonhos de primavera,
e de convés ao cais remata todo
o sacrifício de seus campos de desassossego.
Fenda e lenho escarlate, uma noite
avermelhada sobre a silente chuva
e o vinho azinhavre,
que retinto se intitula
esbelto e formoso,
que, no entanto, como gladiador tonitruante,
da tempestade a palma alva
em clangor se viola em melodia,
e és tão poeta que nem lhe chama
os mortais na tristeza azulada
dos suicidas, e nem lhe comove
a beberagem ou a sangria
que destas vinícolas e vinhateiros
a uva e sarça em folhagens
um fauno se rejubila,
pois, com lagares formosos,
e a dança da menina arteira,
os arcanos e lamentos
são cantos lunares,
pois na fronte do mármore
e o rosto granítico
está a senda maior
do destino-poeta,
um rigor por detrás do verso,
um silente labor que de encanto
e florilégio os panegíricos
declamam em toada feroz,
e o poeta, já sombrio ou luzidio,
oscila e flutua sobre
estes mares sonhadores
da fortuna.
31/10/2016 Gustavo Bastos
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