PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 30 de abril de 2013

ENTRE A PROVOCAÇÃO E A AGRESSÃO

   Homens e mulheres têm suas diferenças entre uns e outros, isso é até óbvio de dizer, como estas diferenças de gênero também se refletem no termo de competição entre cada gênero em particular. O homem tem inveja do outro homem que "se dá bem". A competição entre homens é agressiva, pode terminar em luta corporal, é algo atávico e, para os fracos, irresistível, a violência gera prazer para os brutos, e quando isso vai na competição de caça, ou seja, na boate os homens imaturos disputando numa corrida insana quem "pega mais mulher" numa noite, é algo terrível para as mulheres e ridículo para os homens. A imaturidade amorosa, o ridículo da falta de sentimentos, reflete-se numa ideia oca de falsa libertinagem em que o campeão pega todas, come algumas, mas não conhece nenhuma. O vazio está aí: um homem odeia o outro que "pegou" alguma mulher na "night". Infantilismo é o que reina no mundo dos machos. Fora os mentirosos que multiplicam por dez seus feitos eróticos. E os piores de todos: os que puxam as mulheres pelo cabelo relembrando o tempo das cavernas, e que depois de tomarem todas, brigam feito gladiadores, se arrebentam ou arrebentam alguém, e correm o risco de pegar o carro e aí já viu. O sangue corre na luta de playboys duelando na night como se não houvesse amanhã, e as mulheres mais espertas fogem deste tipo típico da night que é roubada na certa!
   A competição entre as mulheres, por sua vez, não vai tanto pela agressividade erótica ou da luta corporal, vai pela provocação, que é o belicismo inerente da competição entre mulheres. A moça bem nutrida sai no estilo "fatal" para a rua. Saltos altos, saia colada na bunda, seios empinados, batom de preferência vermelho. Eu gosto, não vou mentir, acho um espetáculo para os olhos. Os homens ficam loucos, a natureza é uma força irresistível, ainda que isso fique só nos músculos oculares, não levando todos os homens a serem estupradores potenciais, ainda bem. Mas, como muitos dizem por aí, a mulher fatal que sai nas ruas não se veste para os homens, mas para provocar inveja em outras mulheres, o belicismo entre as mulheres é estético, a agressividade entre os homens é disputa de força, uma coisa mais hobbesiana. A competição entre as mulheres, por sua vez, não tem esta violência atávica presente na competição entre homens, o belicismo estético é a guerra entre as mulheres, não uma disputa de força mais, mas uma disputa de humilhações, ou seja, de poder por si mesmo, não há agressividade, luta corporal, há provocação, o corpo não é instrumento da violência, como entre os homens, mas instrumento provocador que humilha o oponente através do erotismo e da beleza. A luta das mulheres é metaforicamente corporal, a dos homens é de fato corporal e violenta. A disputa pela força seduz os homens, a disputa via humilhação estética é o objetivo de toda mulher fatal. E então ela sai, a saia levanta e ela dá aquela abaixadinha, num paradoxo maravilhoso entre exibicionismo e pudor.
   As mulheres são bélicas na estética, os homens são agressivos num complexo de "macho" que tem que afirmar a cada segundo como se é forte e como se é "pegador". A competição entre os homens é o consumismo de fêmeas, a competição entre as mulheres é a luta entre fêmeas para ver quem tem mais poder, é uma coisa muito mais sutil e maquiavélica que o mundo hobbesiano dos homens. A mulher fatal, ao sair para a rua enfeitada, mata dois coelhos numa cajadada só: provoca as outras mulheres, humilhando-as,  que é o objetivo principal, e de lambuja comanda os olhos de vários homens babando hipnotizados. Mas como é bom olhar para elas!

Crônica. 30/04/2013 (Gustavo Bastos)
  

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