Que se faz, juventude explode,
na raça e no poema
da vida que rosna e ataca.
Ventre rompido pelo sêmen,
boca adestrada pela língua.
O dente afiado para a carne
é o grito no asfalto
que corre nas ruas.
Poetas marginais são ladrões
de versos temerários.
Os horizontes maculados de fogo
são orgias poéticas
no sol vermelho
que lampeja
nos olhos.
A patuleia se agita em Copacabana.
Sangue bandido escorre
na vida da varanda,
um esteta morre ao brincar
com a porra e o desejo.
Não sou daqui, desta sujeira,
poeira na cauda de um furacão.
Sou o exorcista embalsamado
de antiguidades barrocas
num lance moderno.
Na janela da magia
se pode ver
o socorro mordaz
da casa poesia tinindo
de robusta.
Atravesso a cidade,
um ar de frigorífico,
de lixo remoído,
de fumaça tóxica,
paralisa as minhas narinas.
A criança, também aberrante,
chora pela mãe alcoólatra
que tira a roupa
e grita por desespero.
Os mendigos, sábios urbanos,
enlouquecem de fome
e secam seus corpos
fumando crack.
A vida é uma dureza
nestes tempos tão azedos
em que cada um se faz
de dia e de noite
como os horrores
dos jornais.
O dia passa e todos dormem.
22/03/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
terça-feira, 22 de março de 2011
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