Na barca da lua
rumina sonho
da estratosfera,
alcança o sol
e cai no mar.
O foguete do meu sonho
anarquiza o céu
e faz do fogo
sua injeção
de felicidade.
Compro jornais, revistas e livros,
os leio no enlevo do dia.
Despautério é o sentimento da orgia.
Sofro calado a injúria de um energúmeno.
Sofro gritando no deserto escaldante.
Vou pelo paraíso esquecido
do não e do vazio.
Caio em migalhas do palco surrado.
Não tenho armas.
Não vou lutar.
O que me faz cantar
é o som da honra
de tudo brilhar.
Eu fico mudo no meu mundo
e vou à praia mergulhar
no mar.
Se a selva me seduz?
Se o poema me regenera?
Se a cura é o que se espera?
Se a alma se conduz?
Não faça da questão
meu martírio,
não corrompa a poesia
segregada da notícia.
Faça de conta que sou Romeu
e você a Julieta,
mas não vamos amar
que nem dois caretas.
Vamos amar o ódio,
vamos odiar o amor,
vamos depois amar
o amor e odiar o ódio.
Vamos depois ao cinema
e ao teatro,
vamos depois ao bar
e ao restaurante.
Mas não me fale de ilusões,
não me faça de idiota ou capacho,
não sou um cão de guarda
e nem vivo de sonho.
Sou as minhas trevas internas
explodidas nos moinhos do tempo,
sou caótico em verso
e não aceito o divã
infernal do corpo.
Guardo minha libido
para o que ela rumina,
sou o alvo da morte,
mas escapo com sorte
do fim do fim
inesperado.
23/03/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
quarta-feira, 23 de março de 2011
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