O primor do grau etílico equilibrado
revela deste meu canto briaco
toda a beleza do refestelo,
da bruma ébria cantante
dos poemas bebuns.
Foi-se o dia inteiro da lida,
o mormaço e a cantilena
da estadia, dos sóis
sob o cocuruto suado
e a temível sorte
dos desvalidos.
Nesta peça vertiginosa,
como uma catarata dourada,
o poeta ascende ao seu zênite,
neste azimute da visão das pedreiras,
dos aluviões e do pantanal
e a glutonaria da carne queimada.
Víamos os cancioneiros de cachaça
no meio do matagal,
nas lindas noites estreladas
dos poemas que viviam
na lua, enquanto a dança
dos lobos fazia da alcateia
os vis diabos do cangaço.
Prometia a noite toda uma espiral
dos valentes, e o facão na cintura,
e os odores da briga, pois ao caminho
do soco estava o mais ébrio
dos loucos e suas fantasmagorias,
o poeta e suas quimeras,
às quais os poemas
nomeavam e criavam
uma mitologia nativa,
destas de afogar
suas vítimas nas correntezas
impassíveis dos rios.
23/06/2023 Gustavo Bastos
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