Sombras no rosto, me lembrei desta danação
quando cheguei no sétimo andar,
um andar solto, meio tonto,
me deliciava.
Coloquei os óculos, me deparei com a chuva
como um intermezzo para saudações noturnas,
a clava de sol nutria todo o espaço,
sorte e revés de ex-amante,
de brutamontes, de predador
sem mais os dentes,
um prontuário me dizia:
noite de insônia,
paralisia facial.
Oh, quem de andar em círculos
eu me debatia, eu e minha sombra,
eu e meu outro como fantasma,
por mais dentes, dizia eu,
e desmaiava.
O cheque voltou, abri os bolsos
e seus furos, eu que queria ser
um jornalista alternativo,
especialista em rock,
um apedeuta dos sons guturais.
E que noite titânica!
Espevitei meus dons infantes
como notório saber,
um doído campo de fotos,
instrumentos de corda e de sopro,
a sede infinda do conhecimento,
sombras se nutriam dos meus sonhos,
e eu era outro e um além ainda
como um grande polvo
de tentáculos ao mundo.
08/02/2017 Gustavo Bastos
A Hora das Fornalhas
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